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Economia

Reexpressão de contas do BNA levou a resultado líquido histórico de 1,2 biliões Kz em 2020

PRESTAÇÃO DE CONTAS PELA GEMCORP AJUDOU

Adopção de novas normas de contabilidade e o facto de a Gemcorp finalmente ter dado informações sobre onde estão investidos 300 milhões USD do BNA favoreceu 2020. Já em 2021 lucros foram de 26,6 mil milhões Kz.

O Banco Nacional de Angola (BNA) fechou o ano de 2021 com um resultado líquido de 26,6 mil milhões Kz, o que representaria uma subida de 5% face aos 25,3 mil milhões obtidos em 2020. Só que como o banco central reexpressou os resultados de 2020, os resultados de 2021 representam assim um afundanço de 97% face aos 1,0 biliões Kz registados no exercício fiscal anterior.

Essa reexpressão de resultados resultou da adopção de novas normas contabilísticas e do facto de o seu maior gestor de activos externos, a Gemcorp, ter dado informações sobre onde é que investiu o dinheiro do banco central, o que levou o BNA a reverter a correcção de justo valor nulo efectuada no exercício de 2020.

A relação pouco transparente entre o banco central e a Gemcorp, que é ao mesmo tempo um dos maiores credores do BNA e o maior gestor externo de activos, ficou evidente nos Relatórios e Contas 2019 e 2020, com o fundo sedeado em Londres a "esconder" onde é que o BNA tem investidos mais de 300 milhões USD. E não foi por falta de pedidos por parte do banco central, como afirmou no passado ao Expansão um director do BNA. Como a Gemcorp não dizia onde estava investido o dinheiro do BNA, o banco central acabou por ser obrigado a reavaliar ao justo valor o investimento como nulo, no cumprimento das normas internacionais contabilísticas que exigem a valorização dos activos ao justo valor, ou seja, a valor de mercado.

Agora, "no decorrer do exercício de 2021, o Conselho de Administração obteve informação adicional que permitiu avaliar o justo valor deste. A obtenção desta informação levou à deliberação do Conselho de Administração do reconhecimento integral do justo valor deste investimento com efeitos a 31 de Dezembro de 2020 e 2021, no montante de 273,70 mil milhões Kz e 259,5 mil milhões Kz, respectivamente", refere o relatório e contas de 2021.

Com a reexpressão dos resultados de 2020, o BNA obteve o melhor resultado líquido positivo da sua história, equivalente em Kwanzas a 1.589 milhões USD, superando os 364,2 milhões registados em 2010. Voltando aos resultados de 2021, destaque para uma queda de quase 10% no valor dos activos, equivalente a quase 1,3 biliões Kz, que resulta essencialmente da apreciação do Kwanza face ao dólar, que se traduziu numa queda em 18% na posição de ouro e pelos pagamentos dos acordos REPO junto da GemCorp e do ICBC no montante total de 2,5 mil milhões USD, entre outros.

Por outro lado, o passivo também caiu 12%, equivalente a 1,13 biliões Kz, que resulta essencialmente da diminuição de 638,8 mil milhões Kz das "Outras responsabilidades internas", explicado essencialmente pela reversão de provisões para garantias prestadas e compromissos assumidos e provisões para o risco sistémico do sector bancário, mas também pela transferência de 100 milhões USD do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) para a Conta Única do Tesouro no âmbito do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM). Também contribuiu a diminuição de 1,32 biliões Kz das "Outras responsabilidades externas", explicado essencialmente pela alocação de Direitos de Saque Especiais (DSE) pelo FMI a Angola, entre outros.

As contas de 2021 receberam uma reserva e sete ênfases do auditor externo, a KPMG, o que contrasta com as três reservas e seis ênfases registados em 2020. No exercício do ano anterior, a reserva da KPMG prende-se com a aplicação da norma de contabilidade IAS 29, relativa ao relato financeiro em economias hiperinflacionárias. A KPMG alerta que apesar de a economia angolana em 2017 e 2018 ter sido hiperinflacionária (a taxa de inflação acumulada nos últimos três anos ultrapassava os 100%), o BNA não aplicou as disposições, pelo que diz não conseguir quantificar os efeitos desta situação nas demonstrações financeiras de 2021, que considera serem "materiais"

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