Por cada 1.000 Kz que os bancos têm emprestados à economia, 540 Kz estão concentrados no comércio, nos consumidores e no sector da construção, segundo cálculos do Expansão com base nas Estatísticas Monetárias e Financeiras do Banco Nacional de Angola (BNA). O stock de crédito da banca comercial no final do I trimestre deste ano caiu 1% face a Março de 2021, para pouco mais de 4,6 biliões Kz.

De um total de 22 sectores que constam no relatório, doze viram o stock subir no espaço de um ano. Destaque para a actividade de comércio, que "vale" 25% do total do crédito bancário, que cresceu 6% para quase 1,2 biliões Kz, representando mais 65 mil milhões Kz face ao registado em março do ano passado. Quanto ao segundo sector de actividade que mais crédito tem na banca, catalogado pelo Banco Nacional de Angola como "Particulares", caiu 8% para 789,5 mil milhões Kz (-72,2 mil milhões Kz), o que significa que o crédito ao consu[1]mo, neste caso a consumidores, foi o que caiu mais no espaço de um ano. Quanto ao sector da construção, o stock de crédito neste sector de actividade desceu 3% para 575,6 mil milhões Kz (-19,8 mil milhões Kz) face a março do ano passado. Assim, comércio, onde se encontra a maioria das empresas nacionais, consumo e construção valem 54% do total do crédito bancário nacional.

Por outro lado, 22% dos 4,6 biliões Kz que representam o stock de crédito concedido pela banca até final de março de 2022 estão concentrados nos sectores produtivos, nomeadamente a indústria extractiva e transformadora, agricultura e pescas, com o conjunto destes três sectores a valerem pouco mais de 1,0 biliões Kz do crédito total.

O stock do crédito nas indústrias transformadoras cresceu 12% no período em análise (+54,5 mil milhões Kz) e o do agro-negócio (que engloba agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca) subiu 18% (+52,3 mil milhões Kz).

A subida do crédito nestes dois sectores de actividade resulta, essencialmente, do Aviso 10 do BNA, um mecanismo que obriga os bancos comerciais a concederem crédito à economia no mínimo de 2,5% da carteira de activos, com taxas de juro mais baixos que os praticados pela banca e que visa aumentar a produção de produtos nacionais para diminuir as importações.

Por outro lado, o stock de crédito da indústria extractiva caiu 27% (-60,1 mil milhões Kz). Se o crédito para o sector produtivo cresceu, o mesmo aconteceu no sector dos transportes e armazenagem, que quase duplicou o crédito face a Março de 2021, valendo mais 33,1 mil milhões Kz.

Em sentido contrário, a descer, destaque para a actividade de informação e comunicação (-53,2 mil milhões Kz), alojamento e restauração (-11,3 mil milhões Kz), educação (-10,0 mil milhões Kz) e saúde (-4,2 mil milhões Kz).