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Economia

Exportações encolheram 13.888 milhões USD e importações caíram 1.371 milhões em nove meses

TROCAS COMERCIAIS AFUNDAM 43% ENTRE JANEIRO E SETEMBRO

Petrodependência continua, já que por cada mil dólares de exportações angolanas, 950 USD foram de vendas de petróleo. As quedas da produção petrolífera e do preço do barril empurraram as vendas para baixo. O maior credor angolano, a China é, ao mesmo tempo, o principal destino das exportações e o maior fornecedor.

Nos primeiros nove meses do ano as exportações de mercadorias angolanas encolheram 32% face ao mesmo período do ano passado, ao passar de 39.678,9 milhões USD para 26.791,2 milhões, o que correspondente a menos 12.887,7 milhões USD, segundo cálculos do Expansão, com base nas estatísticas externas do Banco Nacional de Angola (BNA).

Como de costume, a culpa da queda das exportações deve-se ao petróleo, cujas vendas para o exterior caíram 9.364,6 milhões USD devido à queda não só do preço de mais de 100 USD para uma média de 80 USD, mas também da produção no País que resultou de várias paragens para manutenção programadas e não programadas dos equipamentos nos grandes blocos. A queda nas exportações provocou uma diminuição nas receitas fiscais, sobretudo as do sector petrolífero, o que conjugado com a manutenção da pressão importadora, bem como a incapacidade em obter financiamentos, quer internos quer externos, empurrou o País para uma crise cambial e de tesouraria, provocando a queda do kwanza para níveis históricos.

Apesar de terem sido exportados menos 19,3 milhões barris de petróleo bruto nos primeiros nove meses de 2023, devido à queda da produção, ainda assim as exportações do sector petrolí- fero (petróleo bruto, derivados e gás) representaram 95% das vendas angolanas para o exterior, exactamente o que representava no ano passado, o que demonstra, de facto, o pouco impacto na economia do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI). Assim, a diversificação económica está longe de compensar os efeitos negativos que uma quebra de produção no petróleo provoca aos cofres do Estado. As exportações dos minérios (dominados pelos diamantes) , que representam 4% das exportações nacionais, também caíram. Angola exportou menos 488,9 milhões USD, o que representa uma quebra de 30% face ao período homólogo.

Se as exportações afundaram, o mesmo aconteceu com as importações, mas a uma taxa inferior. De Janeiro a Setembro, o País importou o equivalente a 11. 356,9 milhões USD em mercadorias, enquanto no mesmo período do ano passado importou 12.728,3 milhões USD. Ao todo, são menos 1.371,4 milhões USD em mercadorias importadas em nove meses. A quebra no consumo interno e as dificuldades em aceder a moeda estrangeira provocaram em parte esta quebra das importações, uma vez que durante os primeiros nove meses, os angolanos têm perdido poder de compra já que a desvalorização cambial dificulta a aquisição de determinados produtos essenciais.

A China continua a ser o maior cliente do petróleo angolano (destino de 58% das exportações de crude), mas também o maior fornecedor (17% das importações vêm deste país). Assim, o gigante asiático é o maior parceiro comercial de Angola, seguido da Espanha e Holanda, que são, respectivamente, o segundo e o terceiro maior cliente do petróleo angolano.

Já Portugal, é o segundo maior fornecedor de Angola, representa 12% das importações com 924,1 milhões USD de gastos com importações de mercadorias, entre Janeiro e Setembro.

Contas feitas, a importação de bens de consumo corrente (que valem 62% das importa- ções) e diminuíram 18% para 7.096 milhões USD nos primeiros nove meses deste ano, face ao período homólogo. Já os bens de consumo intermédio (produtos utilizados no processo de produção de produtos acabado), que valem 13% das importações, reduziram 2% para 1.426,6 milhões USD. Os bens de capital como máquinas, ferramentas e equipamentos, valem 25% das importações, e a sua importação cresceu 6%.

Contudo, o saldo da balança comercial (exportações menos importações) ficou avaliado 15.434,4 milhões USD, uma queda de 43% ( menos 11.516,29 mil milhões ) quando comparado com os primeiros nove meses de 2022.

Assim, para o economista e coordenador do Centro de Investigação Social e Económica, Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto , Fernandes Wanda, "enquanto a produção nacional não for competitiva, as exportações [fora do sector petrolífero] serão fracas".

"É preciso criar infraestruturas produtivas (pólos industriais devidamente infraestruturados, perímetros irrigados), ligar as zonas de produção as áreas de consumo e processamento. A aposta inicial deve ser em sectores intensivos em mão de obra (materiais de construção, cimento, bebidas, têxteis e confecções). Feito isso, usar programas como o AGOA do governo americano para exportar para os Estados Unidos da América com isenções", disse.

Leia o artigo integral na edição 754 do Expansão, de sexta-feira, dia 8 de Dezembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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