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Economia

Inflação mensal volta a subir, homóloga em queda há dois meses

ÍNDICE DE PREÇOS NO CONSUMIDOR EM SETEMBRO

A queda nas importações e a subida dos factores de produção depois da subida dos salários mínimos em Setembro deverá continuar a pressionar a inflação até ao final do ano. Gabinete de estudos do BFA revê em baixa a inflação até ao final do ano e agora aponta a 29%, muito acima da meta do BNA.

A inflação mensal inverteu a tendência de queda iniciada em Junho ao acelerar 0,02 pontos percentuais em Setembro face a Agosto para 1,6%, enquanto em termos homólogos abrandou pelo segundo mês consecutivo para 29,9%, de acordo com cálculos do Expansão com base no relatório sobre o Índice de Preços no Consumidor do Instituto Nacional de Estatística (INE).

No mês passado, em que entraram em vigor não só os novos salários mínimos, que apenas deverão ser reflectidos nos custos de produção a partir de Outubro, influenciando a subida da inflação, mas também os novos preços dos serviços de telecomunicações, a classe de despesa que mais subiu acabou por ser a Educação, devido ao regresso às aulas (aumento das propinas e materiais escolares), aliás, à semelhança do que já tinha acontecido em Agosto. A classe Lazer, recreação e cultura foi a segunda onde os preços mais aumentaram em Setembro (2,3%), seguida da classe Hotéis, cafés e restaurantes (2,2%) e a Saúde (2,2%).

Mas em termos acumulados, desde o início do ano, a classe Saúde superou os Transportes em Setembro e ocupa o primeiro lugar no ranking dos preços que mais subiram (28,5%), entre Janeiro e Setembro. Os preços nos Transportes já subiram 27,3% desde o início do ano, e o do Vestuário e Calçado 24,4%. Já os preços nos Hotéis, cafés e restaurantes subiram os mesmos 27,7% que os preços da Alimentação e bebidas não alcoólicas. Em sentido contrário, entre os preços que menos cresceram desde o início do ano estão as Comunicações (6,5%).

Já em termos homólogos, que compara a subida dos preços face ao mesmo mês do ano passado, verificou-se o segundo abrandamento consecutivo para 29,9% em Setembro, o que compara com o pico de 31,1% verificado em Julho. Para alguns analistas, é expectável que este abrandamento continue, já que no final do ano passado a inflação mensal atingiu valores acima dos 2,0% entre Agosto e Dezembro e nos últimos três meses tem estado abaixo dos 1,7%. Ainda assim, há que ter em conta que a proximidade da quadra festiva poderá fazer disparar os preços e distanciar ainda mais a inflação para números bastante acima das projecções do Banco Nacional de Angola (BNA), que aponta a 23,4% até Dezembro.

De acordo com cálculos do Expansão, a manter-se a média mensal de 1,6% dos últimos três meses do ano a inflação chegará a Dezembro à volta dos 27%.

Em Luanda

Já em Luanda, o custo de vida na capital aumentou 38,7% em Setembro deste ano face ao mesmo mês de 2023, depois de ter atingido em Junho o valor mais alto desde 2004 (42,8%). Só desde o início do ano, os preços na capital já subiram 26,4%. Em termos mensais, a capital do País viu os preços crescerem quase 1,6%. As províncias que registaram maior variação nos preços foram o Bengo com 2,9%, Cabinda com 2,1% e Namibe com 2,1%. Já as províncias que registaram menor variação nos preços foram a Lunda Sul com 1,2%, o Huambo com 1,3% e o Cuanza Sul com 1,4%.

O comportamento dos preços ao longo do ano não surpreende, uma vez que a taxa de inflação tem sido afectada por medidas potencialmente geradoras de aumentos de preços, como a entrada em vigor da nova pauta aduaneira e o aumento do preço do gasóleo, na sequência da redução dos subsídios decidida pelo Governo. E há que ter em conta a desvalorização de que foi alvo o kwanza face ao dólar, já que o percurso crescente da inflação em Luanda e no País ocorreu precisamente após uma desvalorização profunda do kwanza em quase 40% verificada entre Maio e Junho do ano passado. Foi a partir daí que a inflação começou a disparar até aos actuais níveis.

Com um kwanza mais desvalorizado era expectável uma queda nas importações. Nos primeiros oito meses deste ano, de acordo com contas do Expansão com base em dados da AGT, o País comprou 9.417,9 milhões USD em mercadorias lá fora, o que compara com os 10.666,8 milhões USD em mercadorias importadas no mesmo período do ano passado. Contas feitas, há uma queda de 12% nas importações, equivalente a menos 1.248,9 milhões USD. Num país que importa uma grande parte do que consome, a taxa de câmbio tem um papel muito relevante na inflação, já que o facto de se terem importado menos mercadorias acaba por pressionar os preços, cumprindo a velha máxima da lei de mercado: menos oferta e mais procura empurra os preços para cima.

Leia o artigo integral na edição 798 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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