Inflação vai chegar aos 27% até final do ano, é a terceira revisão em alta deste ano
Após mais uma reunião do comité de política monetária do BNA, e em conferência de imprensa, o governador do banco central reconheceu mais virtudes do que defeitos à política monetária do país no último ano, mas quanto à pressão inflacionista, José de Lima Massano diz que se faz o que se pode, o que não será suficiente para evitar que a inflação acumulada chegue aos 27% até final deste ano. Em Maio, o comité de política monetária já tinha revisto o valor da taxa de inflação de 18,7% para 19,5%.
Os preços dos bens alimentares são a principal causa que explica a inflação homóloga de 26,9% em Agosto.
No entanto, o governador considera que as medidas tomadas pelo banco central têm sido as adequadas: a taxa básica de Juro (Taxa BNA) em 20%; a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez em 25%; a taxa de Juro da facilidade Permanente de Absorção de Liquidez de 7 dias em 15%; inalterados os coeficientes das reservas obrigatórias em 22%.
O governador adiantou ainda que há melhorias quanto ao incumprimento de crédito, com o malparado, em Julho, nos 10,88%.
O mercado cambial, e Lima Massano sublinhou-o várias vezes, está normalizado, e "não obstante a queda das quantidades exportadas de petróleo, o saldo da conta corrente da balança de pagamentos manteve-se superavitário. De acordo com os dados preliminares do segundo trimestre, o saldo da conta corrente foi de 1 724,52 milhões de dólares norte-americanos, contra 1 974,58 milhões de dólares norte-americanos no trimestre anterior".
As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) estão nos 9,9 mil milhões de dólares, o que dá para cobrir doze meses de importações.
Quanto ao problema quase crónico dos multicaixas, o vice-governador do banco central, Tiago Dias, partilhou que houve por parte da banca comercial uma "resposta inesperadamente rápida" ao mais recente normativo do BNA que impõe mais e melhores serviços à banca. Há pelo menos quatro bancos (BAI, SOL, BPC e Atlântico) que já flexibilizaram e alargaram horários, também por isso, o vice-governador faz "muita fé" nas medidas tomadas.
Num mercado cambial normalizado, não há, segundo o BNA, atrasos nas transacções bancárias em divisas, mesmo quando confrontado com casos concretos, insistem em que o sistema funciona hoje de uma forma mais eficaz, e que quando se pede documentos - e já não se pode pedir o visto ou bilhete de viagem - é só em casos que ao banco pareça suspeito, como rendimentos súbitos ou incongruentes.
"O mercado encontrou o seu equilíbrio", reforçou Lima Massano, e esse equilíbrio é a taxa de câmbio.
Adiantou ainda, o governador, que em Setembro havia no sistema 130 milhões de dólares que o mercado não conseguiu escoar.
O governador do banco central reforçou a ideia de que o BNA, doravante, deve estar menos envolvido com o mercado e estar mais focado no seu papel de regulador e supervisor, preparando-se, em parte, para para a Nova Lei do Banco Nacional de Angola, aprovada, este ano, no pacote da revisão pontual da Constituição, sendo das medidas mais consensuais.
"Operações em dia, reservas a crescer, o nosso principal produto de exportação em apreciação" afirmou o governador, a que acrescentou garantias de estabilidade e previsibilidade num "quadro de maturidade", eis a síntese do país na perspectiva do banco central.
Ainda houve tempo para perguntas sobre o Banco Económico, mas Lima Massano não mais do que prometeu uma solução para este mês de Outubro, deixando escapar que há alguma pressão por parte do Fundo Monetário Internacional para que o assunto não se arraste, pondo em causa, o eventual "quadro de maturidade" - no caso, no sistema financeiro - que o governador quis passar aos jornalistas nesta quinta-feira, dia 30 de Setembro.