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Economia

Lucros da banca disparam 26,7% para 307 mil milhões Kz

Economia

O BAI continua a ser o maior banco em activos do sistema financeiro nacional, enquanto o BFA se mantém como o campeão dos lucros. Já o BIC mantém a liderança do ranking dos bancos que mais crédito concedem à economia. Descida dos custos de endividamento e dívida pública na origem dos lucros.

Os 19 bancos que apresentaram até esta quarta-feira os balancetes sobre o III trimestre deste ano apresentaram resultados líquidos acumulados de 307 mil milhões Kz, um crescimento de 26,7% face aos lucros apresentados no mesmo período do ano passado. O BFA mantém a liderança do ranking dos bancos que mais lucraram. Na base deste crescimento dos resultados continuam a estar os ganhos com os investimentos em títulos de dívida pública mas também com as margens financeiras, segundo explicaram ao Expansão vários especialistas.

"Esta subida nos lucros deve-se a um conjunto de factores. O custo dos juros no inter-bancário tem estado a descer enquanto os juros dos créditos aos clientes demora mais tempo a descer. A actividade económica também tem estado a aumentar e tem havido aumento do crédito pelo que aumenta a margem financeira dos bancos", disse ao Expansão o economista-chefe de um dos maiores bancos nacionais.

A fonte acrescenta como outro factor o facto de o banco central ter libertado liquidez com a descida das reservas obrigatórias de 22% para 19% em Junho, o que "permitiu que os bancos aplicassem esse dinheiro", gerando mais rendimentos. E há que ter em conta também os juros que os bancos recebem com as operações cambiais e também da subida do crédito à economia que acontece porque, segundo o PCA de uma instituição bancária, os bancos estão obrigados, diariamente, a aplicar parte das suas liquidez no mercado, sejam em títulos, em crédito ou nas aplicações de cedência de liquidez, ou seja, empréstimos no mercado inter-bancário.

"Somos multados se não investirmos a liquidez que temos", explicou ao Expansão o "número um" de um dos bancos de média dimensão do país. E acrescenta:"Somos obrigados a investir em títulos. Quando a carteira de clientes do banco é grande, ou seja, os depósitos dos clientes são maiores, é óbvio que sendo um banco obrigado a investir a liquidez ganham mais lucros. Os títulos estão a gerar esses resultados", enfatizou.

De acordo com o economista Alberto Vunge, nem só de títulos e venda de moeda estrangeira se justifica a melhoria de resultados do agregado de 19 bancos, pois, considera, deve ser tida em conta a eficiência operacional com cortes e ajustamentos nos custos. Este economista considera também que a reversão de imparidades teve uma "palavra a dizer" neste aumento dos lucros, que só foi possível depois de a agência financeira Moody"s ter subido o rating de Angola em Setembro de 2021.

Só no trimestre em análise, os 19 bancos - ficaram de fora o BDA por não ser um banco comercial e o Banco Económico, que não pública contas há quase quatro anos, o VTB e o Standard Chartered Bank que não tinham publicado balancetes até esta quarta-feira - tinham nas suas carteiras de activos um total de 5,2 biliões Kz em títulos e valores mobiliários, ainda assim uma queda de 6,0% face a igual período do ano passado.

O BAI e o BFA eram os que mais tinham aplicado recursos em títulos, com uma carteira total de 1,08 biliões de Kz e 1,04 biliões Kz respectivamente. Há muito que os bancos comerciais angolanos preferem a aplicação de recursos em títulos públicos preterindo o crédito, um "apetite" que os gestores vêm explicando com a segurança e rentabilidade deste segmento de negócio num país onde o malparado tem empurrado as contas de vários bancos para o vermelho, como foi o caso do BPC.

Nem todas as rubricas do balancete dos bancos registaram subidas consideráveis. Por exemplo, de Julho a Setembro, os 19 bancos registaram uma descida de 0,5% no seus activos para 15,4 biliões Kz. O BAI manteve-se na liderança, com um total de 3,01 biliões Kz, seguido pelo BFA, que inscreveu 2,4 biliões. Já o BIC superou o BPC e fechou o pódio dos campeões dos activos. Por outro lado, os 19 bancos comerciais fecharam os balancetes com um total de 3,03 biliões de Kwanzas em stock de crédito, um crescimento de 5,8% face ao total registado no terceiro trimestre de 2021, com o banco BIC a liderar, novamente, este ranking. Segundo as contas, o BIC fechou as contas do trimestre com um total de 559,6 mil milhões Kz em crédito, apesar da queda 12,7% face a igual período de 2021.

Por sua vez, os depósitos caíram 3,7% para pouco mais de 11,3 biliões Kz (caíram 428,5 mil milhões Kz), o que se deve, precisamente, à apreciação do Kwanza face ao Dólar, já que uma boa parte dos depósitos dos maiores bancos é em moeda norte-americana. Ou seja, estes depósitos em moeda estrangeiro ao serem convertidos para kwanzas no III trimestre de 2022 quando cada dólar valia 433,4 Kz, passaram a valer menos do que no mesmo período do ano passado em que cada dólar valia 599,1 Kz.