Negociações na BODIVA caem 21% para 6,1 biliões Kz em 2024
Após fechar o ano de 2023 com o maior volume de negociações de sempre, as negociações na BODIVA encolheram 1,6 biliões Kz em 2024, curiosamente, num ano em que se bateu um novo recorde de negócios realizados na bolsa de valores.
O volume de negociações na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) caiu 21%, para 6,1 biliões Kz em 2024 (cerca de 7,0 mil milhões USD, ao câmbio médio do período), face aos 7,7 biliões Kz registados em 2023, o que representa uma diminuição 1,6 biliões Kz num ano, de acordo com cálculos do Expansão com base nos dados preliminares mensais disponibilizados pela BODIVA, em dashboard.
Na base está a redução das operações realizadas em ambiente bilateral, que recuaram 22%, ao passar de 6,9 biliões Kz em 2023 para 5,3 biliões em 2024, bem como a redução das negociações em ambiente multilateral, que caíram 12%, para 719, 3 mil milhões Kz. Curiosamente, as negociações caíram num ano em que se bateu um novo recorde de negócios realizados na BODIVA, já que o número de negócios mais que triplicou, ao passar de 3.170 negócios contabilizados em 2023 para 10.328 no final do ano passado.
Sem surpresa, o Banco Nacional de Angola (BNA) foi a instituição que negociou o maior volume de transacções entre os membros BODIVA. O banco central transaccionou 3,2 biliões Kz de vendas intermembros e 199,6 mil milhões de compras intermembros. Feitas as contas, o BNA movimentou 3,4 biliões Kz, detendo, assim, 56% dos montantes negociados na bolsa.
Segue-se a BFA Capital Market, sociedade distribuidora de valores mobiliários do grupo BFA, que transaccionou 2,6 biliões Kz, repartidos entre compras intermembros e negócios internos. A fechar o pódio dos líderes em montantes negociados está a distribuidora AUREA, que movimentou cerca de 2,0 biliões Kz.
É importante dar nota que grande parte das negociações na BODIVA (mais de 80%) são títulos de dívida pública, e o maior dinamismo das negociações deve- -se ao crescimento do novo mecanismo de negociação de trocas de activos entre investidores e emitentes, os acordos de recompra (REPO, na sigla em inglês) que têm tido desde 2023 o maior impacto nas transacções, impulsionados pelos títulos de dívida pública, nomeadamente, Bilhetes do Tesouro (BT), obrigações de tesouro em Moeda Externa (OT- -ME) e as indexadas (OT-TX).
Num acordo de recompra uma parte vende um activo, normalmente títulos de dívida pública, a outra fica com o compromisso de o recomprar numa data futura a um preço superior ao que vendeu. Caso o vendedor não consiga os fundos para recomprar os títulos no prazo acordado dos Repos, a venda temporária passa a definitiva e o comprador pode vender o activo a uma terceira parte para reaver os fundos que gastou ou manter na sua carteira de investimentos.
Em termos práticos, num acordo de recompra o título de dívida pública funciona como colateral e mitiga o risco de crédito do vendedor ao comprador.
Entretanto, não foi possível apurar com precisão quanto representou os repos em 2024, valores que serão apresentados pela BODIVA nos próximos dias.
(Leia o artigo integral na edição 809 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)