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Após vários atrasos, construção da mina começa nos próximos três meses

INVESTIMENTO NA EXPLORAÇÃO DE TERRAS RARAS NO HUAMBO AVALIADO EM QUASE 300 MILHÕES USD

Obras deverão consumir cerca de dois anos, o que significa que a produção deverá arrancar apenas em 2026. Apesar do contexto internacional favorável para a implementação deste tipo de projectos, questões sociais e ambientais devem ser monitorizadas. Cerca de 100 famílias vão ser reassentadas.

O primeiro projecto nacional de exploração de terras raras, um conjunto de substâncias químicas que pode ter várias utilizações, mas que actualmente são especialmente utilizadas na produção de componentes essenciais para a montagem de veículos eléctricos, vai iniciar a construção da mina situada no município do Longonjo, província do Huambo, até ao mês de Junho. Um financiamento de cerca de 217 milhões USD está praticamente concluído e estão alinhavados mais 80 milhões USD, estando a Ozango Minerais, empresa promotora do investimento, a finalizar os termos e condições associadas aos contratos. A implementação do projecto, que deveria ter acontecido em 2023, tem sido marcada por vários atrasos.

O financiamento de 217 milhões USD está em vias de ser concluído e inclui a reformulação do projecto de construção da mina e a instalação de uma refinaria, que vai permitir fugir parcialmente do mero extractivismo para também incluir algum nível de processamento local dos minérios.

"Para já estamos perante um "head of terms", ou seja, o acordo ainda não é definitivo, mas é um passo na direcção certa", explica ao Expansão fonte da administração da Ozango Minerais. Os principais accionistas da empresa angolana são o Fundo Soberano de Angola (FSDEA), com 16% do capital, e a Pensana PLC (84%), uma entidade de origem australiana, mas que actualmente está registada no Reino Unido e que está listada na Bolsa de Londres. Este facto garante, à partida, um nível elevado de escrutínio e prestação de contas sobre as suas actividades.

Segundo um comunicado da Pensana divulgado no dia 24 de Fevereiro, que está disponível no seu site oficial, o mecanismo de financiamento está "condicionado à obtenção de garantias de uma agência de crédito à exportação, cujas discussões estão bastante avançadas".

A empresa já está também em negociações com possíveis interessados no subproduto Carbonato Misto de Terras Raras (conhecido pela sigla MREC), que vai ser processado no Longonjo, e que já foi aprovado qualitativamente por um dos seus potenciais clientes.

Por outro lado, a empresa inglesa está em negociações avançadas com o Fundo Soberano de Angola (FSDEA) e um consórcio de credores para finalizar outro pacote financeiro avaliado em 80 milhões USD. Este movimento, que no fundo é similar a um aumento de capital, pode levar a um aumento da participação do FSDEA até 24%, com a Pensana a reduzir a sua participação na Ozango Minerais para 66%.

15 milhões USD dos 80 milhões previstos já foram disponibilizados pelo FSDEA para financiar o início da implementação do projecto.

"Temos de concluir o financiamento antes de pensar no arranque efectivo da exploração da mina. Os trabalhos de construção devem durar 18 meses mas, se incluirmos o período de teste e comissionamento, esta fase deve consumir cerca de dois anos. Se os trabalhos avançarem a partir de Maio/Junho, a produção efectiva arranca no terceiro trimestre de 2026. Este é o nosso calendário de implementação", sublinha a fonte da administração da Ozango Minerais.

As diligências necessárias para concluir o financiamento também estão relacionadas com questões de mercado e focadas em esclarecimentos solicitados pelos financiadores sobre a viabilidade do plano de negócios, riscos de mercado associados aos preços nos mercados internacionais e planos de contingência a serem implementados em caso de turbulência.

Leia o artigo integral na edição 767 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)