Confiança dos empresários volta a cair no II trimestre deste ano
Entre Abril e Junho, a confiança dos empresários em quase todos os sectores de actividade, voltou a cair, ou seja, existem cada vez menos empresários que acreditam no desempenho positivo da economia no curto prazo. São vários os constrangimentos relatados, mas as limitações financeiras dominam as reclamações.
A confiança dos empresários e gestores empresariais sobre as perspectivas da evolução da economia angolana no curto prazo caiu no segundo trimestre de 2024, pressionada pelo clima económico desfavorável, indicam os dados do inquérito de Conjuntura Económica às Empresas do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao período de Abril a Junho.
O indicador de clima económico (ICE), que avalia as expectativas dos empresários sobre a evolução da economia no curto prazo, caiu três pontos de 11 pontos positivos registados entre Janeiro e Março para oito pontos no II trimestre, o valor mais baixo desde o último trimestre do ano passado.
Os oito pontos correspondem ao saldo das respostas extremas, diferença entre as avaliações positivas e negativas dos empresários sobre as perspectivas de evolução da economia angolana. Ou seja, a percentagem de empresários que tem perspectivas positivas sobre a evolução da economia angolana no curto prazo excede em oito pontos percentuais a percentagem dos que têm perspectivas negativas.
O ICE corresponde, entretanto, à média dos indicadores de confiança de sete sectores de actividade, os quais reflectem a opinião dos empresários e gestores desses sectores sobre o desempenho do respectivo sector no curto prazo.
O inquérito do INE avalia a confiança ou pessimismo nos sectores do comércio, comunicação, construção, indústria extractiva, indústria transformadora, transportes e turismo.
A pesquisa envolve 1.638 empresas, das quais, 55% são do sector do comércio e foi feita em todo o território nacional, cujos empresários (patrões) e gestores foram convidados a dar a sua opinião sobre a actividade actual e perspectivas de negócios, em geral, e, em particular, sobre encomendas, vendas, exportações, stocks, crédito e emprego, entre outras variáveis, e também sobre as principais limitações que enfrentam os empresários no desenvolvido da actividade empresarial. Procura insuficiente, dificuldades financeiras e falta de matérias-primas estão entre as principais limitações à actividade económica das empresas apresentadas pelos empresários e gestores inquiridos entre Abril e Junho.
Sector da construção é o único pessimista
As tendências do indicador de confiança (IC) dos sete sectores, tendo por base a resposta ao inquérito às empresas seleccionadas, cujo objectivo é analisar o ambiente de negócio em Angola, revelam que a maior parte dos sectores em análise apresentou tendência negativa naquele trimestre.
Os empresários e gestores mais pessimistas são os da construção com um indicador de confiança de -11 pontos, tratando-se do único sector em que há mais pessimismo do que confiança. Durante o período em análise, a conjuntura económica (ambiente de negócios) das empresas na construção permaneceu desfavorável pelo terceiro trimestre consecutivo. Especialistas acreditam que o sector da construção vai levar ainda algum tempo para aquecer, tendo em conta o desempenho da economia e a falta de obras públicas. Por outro lado, a falta de concursos de obras públicas e a quebra do volume de contratos celebrados, deterioração das perspectivas de vendas e insuficiência da procura são alguns dos principais constrangimentos à actividade da construção no País. Acrescem-se ainda as dificuldades na obtenção de crédito bancário e os altos custos de materiais de construção.
Já no turismo e na indústria transformadora a confiança é de apenas 5, sendo este último sector aquele que mais caiu no II trimestre. Os demais sectores tiveram variações ligeiras.
No turismo, a insuficiência da procura e a perspectiva do negócio e do emprego são os principais problemas relatados pelos empresários. O ambiente de negócios no sector do turismo é desfavorável, pois o indicador de confiança contrariou a tendência ascendente do trimestre anterior e evoluiu negativamente em relação ao período homólogo. A evolução negativa do indicador de confiança em relação ao período homólogo resultou do comportamento desfavorável da actividade actual e perspectivas das empresas para o próximo trimestre.
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