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Da época dos sonhos dourados ao choque frontal com a realidade

PESO DO PETRÓLEO NA ECONOMIA É MENOR DESDE 2009, MAS SECTOR CONTINUA A SER O GRANDE MEALHEIRO DO PAÍS

O sector petrolífero nacional é um caso de sucesso africano e internacional, com a Sonangol à cabeça deste movimento, embora os grandes avanços estejam concentrados nas décadas de 1990 e 2000. A visão mais sensata e natural passa agora pela diversificação da economia, que ainda está longe de acontecer.

Quando a primeira edição do Expansão entrou em casa dos leitores, em Fevereiro de 2009, a economia de Angola vivia a sua época de ouro - ainda que com um importante aviso à navegação em 2008 - suportada em larga medida pela produção petrolífera, que tinha atingido o seu ponto mais elevado pouco tempo antes: média de cerca de 1,90 milhões de barris diários em 2008 e 2010 (consoante as fontes), para hoje rondar os 1,1 milhões. É possível afirmar sem recorrer a metáforas que naqueles anos choveram dólares norte-americanos em Luanda. Uma década e meia depois, algumas coisas mudaram para ficar tudo na mesma.

O fenómeno era mais sentido nesta cidade devido à (excessiva, quase paranóica) centralidade da capital na vida do País. Naquela altura, enquanto a economia lidava com diferentes transições (da economia de guerra para a economia de mercado e da petro-dependência para uma visão mais diversificada e inclusiva), do outro lado estava um País eufórico e uma sociedade aliviada mas bastante delapidada com o pós-conflito e com todas as possibilidades que se abriam ou fechavam.

Foi assim que se chegou a pensar Angola como um Dubai africano, onde uma pequena elite se "lambuzaria" eternamente com os petrodólares e o resto da população ficaria satisfeita com as diferentes caridades governamentais, que tinham (e continuam a ter, ainda que com menos "maratonas") uma cara e um rosto no MPLA.

As mudanças estruturais têm sido lentas e, também por isso, o processo de transição ainda está em curso, sem data para ser finalizado, realidade que tem vindo a colocar o País num impasse profundo. Vistas bem as coisas, se já na altura a comparação com os petro-estados do Médio Oriente parecia um truque de ilusionismo à luz de velas, mas também um equívoco total, 15 anos em cima demonstram que aquelas ideias não envelheceram nada bem.

Dos estilhaços de futuros radiantes para uns quantos (poucos), uma década e meia depois sobra um País com baixa actividade económica e elevado desemprego, com o petróleo ainda a representar mais de 90% das exportações (é a única fonte de divisas, palavra que se tornou caríssima no léxico nacional), uma dívida externa, inflacionada pela China e correligionários internos e externos, que consome mais de metade dos recursos anuais, um País que continua a depender basicamente de importações até para se alimentar - mesmo assim, as importações nesta categoria caíram quase metade em valor desde 2012, o que talvez seja uma luz ao fundo do túnel - e uma população a crescer a um ritmo estonteante, agora atirada para o caminho da mão-de-obra barata e desqualificada por falta de opções viáveis ao nível da Educação.

É uma Angola em policrise, como o agrónomo Fernando Pacheco escreveu recentemente, cenário que não poupa minimamente a vida institucional, nem a forma como o regime político vai funcionando (hoje apenas em modo sobrevivência, o que significa que governar nem sempre é a prioridade).

Números e factos

Apesar do contexto atribulado e das dificuldades também naturais para um jovem país, o petróleo angolano é uma história de sucesso, que ganhou tracção nas águas profundas da Bacia do Foi a partir das descobertas naquela região, na década de 1990, que a produção sofreu um grande impulso, tendo chegado ao milhão de barris diários em 2004. Segundo o Relatório Económico de Angola, publicado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), as maiores receitas fiscais petrolíferas de sempre foram registadas em 2012, com 43.000 milhões USD.

Foi a partir das descobertas naquela região, na década de 1990, que a produção sofreu um grande impulso, tendo chegado ao milhão de barris diários em 2004. Segundo o Relatório Económico de Angola, publicado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN), as maiores receitas fiscais petrolíferas de sempre foram registadas em 2012, com 43.000 milhões USD.

O futuro do sector em Angola e no resto do mundo não parece brilhante, ainda que as perspectivas possam ser colocadas em várias dimensões. No curto prazo, a procura internacional por petróleo continua em alta, o que indica a necessidade de continuar a produzir e comercializar esta matéria-prima, cenário que, no essencial, se mantém no médio-prazo.

Leia o artigo integral na edição 765 do Expansão, de sexta-feira, dia 01 de Março de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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