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Empresas & Mercados

Sem a Sonangol o SEP tem prejuízo de 21,3 mil milhões Kz

SECTOR EMPRESARIAL PÚBLICO EM 2023

Nem o regresso aos lucros do BPC permitiu que o agregado das empresas do Sector Empresarial Público registasse resultados líquidos positivos, sem contar com as empresas da petrolífera, que no ano passado registou 930,0 mil milhões em lucros. Só 70 em 82 empresas apresentaram contas.

O agregado das 70 empresas do Sector Empresarial Público (SEP) que apresentaram as contas a tempo ao Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) apresentaram um lucro conjunto de 908,7 mil milhões Kz, mas se as contas da Sonangol forem retiradas ao agregado, estas empresas apresentaram prejuízos de 21,3 mil milhões Kz. Nem mesmo o regresso aos lucros do BPC inverte a tendência de prejuízos do SEP.

Ainda assim, os prejuízos do SEP sem as contas da Sonangol encolheram 63,5% ao passar de -58,5 mil milhões Kz em 2022 para 21,3 mil milhões no ano passado (ver gráfico).

Olhando para os resultados apresentados esta quarta-feira pela PCA do IGAPE, Vera Escórcio, é possível verificar que a Sonangol, com lucros de 930,0 mil milhões Kz, e o BPC, com resultados líquidos de 116,0 mil milhões safaram as contas do SEP relativas ao ano passado.

Olhando para o universo de empresas, entre 2022 e 2023, mais duas empresas engrossaram o universo do SEP totalizando 94. Deste universo, de acordo com os dados publicados pelo IGAPE, 65 são empresas públicas, 22 empresas com domínio público e sete com participações minoritárias do Estado. Como as empresas com participação minoritária do Estado não entram nas contas do agregado, e como cinco empresas estavam paralisadas no ano passado, estavam obrigadas a apresentar contas ao IGAPE um total de 82. Mas apenas 70 cumpriram essa obrigação legal. Vera Escórcio avançou que os resultados apresentados não englobam o Standart Bank Angola (SBA) para não comprometer os resultados dos agregados.

Olhando para a posição financeira do SEP, Vera Escórcio, referiu que a elevada taxa de inflação tem vindo a impactar negativamente no desempenho das empresas. Assim, entende a gestora, que a situação macro-económica desfavorável também afectou a vida das empresas públicas.

Mas nem tudo vai mal nas empresas públicas, já que em termos de activos e capital próprio, segundo a PCA do IGAPE, houve uma evolução expressiva. Olhando para os números globais, o activo cresceu, em 2023, 35%, para os 36,4 biliões Kz, contra os 26,9 biliões registados em igual período do ano anterior, um aumento de 9,5 biliões Kz. No entanto, sem as indústrias extractivas, esses activos do agregado apenas aumentaram em 279,5 mil milhões Kz. Também o capital agregado aumentou. Em 2023, o capital das empresas públicas fixou-se nos 13,1 biliões Kz, um crescimento de 45%.

Já o passivo também teve uma marcha em linha com o capital, saindo dos 17,9 biliões Kz em 2022, para os 23,3 biliões Kz, representando um crescimento de 30% o que, de acordo com a PCA, acaba por não ser muito saudável para as empresas". Ainda assim, há que ter em conta que este passivo sem as empresas extractivas até desceu, de quase 8,9 biliões Kz para 8,6 biliões.

Quanto aos rácios do retorno do capital próprio, este representou apenas 6,9%. Vera Escórcio reconheceu que houve uma degradação nos indicadores, quando o resultado líquido, incluindo os lucros da Sonangol, se fixou nos 908,7 mil milhões Kz em 2023, contra os 779,7 mil milhões do ano anterior. Esta inflexão no retorno do capital para o accionista (Estado), segundo disse, serve de alerta para os gestores do SEP. "Termos de ter um pouco mais cuidado daquilo que são as nossas acções do dia-a-dia. É importante que as empresas tenham resultados positivos, há que devolver o investimento feito pelos accionistas", sublinhou.

"Temos de melhorar esses indicadores", disse, tendo sublinhado que ainda existem constrangimentos quanto à transparência no SEP. Isto porque, apenas 24 empresas viram as suas contas aprovadas sem reservas dos auditores (uma a mais do que em 2022), 38 registaram reservas do auditor externo (um total de 129 reservas) e 8 viram as suas contas chumbadas pelas empresas de auditoria externa.

Electricidade tem mais trabalhadores

O sector que mais emprega nas empresas do SEP é o da electricidade. Dos 55.316 mil registados no ano passado, 25,1% estão no sector eléctrico, seguindo-se os transportes e armazenagem com 20,1%, enquanto a indústria extractiva ocupa a terceira posição com 14,3%.

Quanto às maiores empresas, a Sonangol, BPC, PRODEL, UNITEL e CFB fazem parte do top cinco em termos de activos. O mesmo não acontece quando se trata de capital próprio, embora a Sonangol lidere, a lista integra também o CFB, na segunda posição, enquanto a UNITEL, RNT e PRODEL fecham o grupo das cinco maiores empresas do SEP. No top das empresas com resultados positivo está a Sonangol, BPC, Recredit, Porto de Luanda e o BDA.

Quanto ao retorno do capital, a Unicargas foi a empresa que mais pagou dividendos ao accionista, seguindo-se o BPC e na terceira posição está a Simportex.

Capitalizações e subsídios

Numa análise sobre os custos para o País, a TAAG lidera destacadamente a listas das empresas mais capitalizadas em 2023, com um valor de 121,4 mil milhões Kz, enquanto a ENDE se posicionou na segunda posição com 29,2 mil milhões. Já os subsídios recaem para a TPA com 10,7 mil milhões Kz, em 2023, a RNA com 8,8 mil milhões e as Edições Novembro (proprietária do Jornal de Angola) recebeu 6,4 mil milhões.

Leia o artigo integral na edição 793 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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