Uma em cada três empresas formais do País arrancaram na informalidade
As economias da região partilham boa parte dos desafios associados ao crescimento demográfico e ao fraco crescimento económico. Os organismos internacionais alertam que este problema vai agudizar-se nos próximos anos e recomendam a implementação de mudanças estruturais.
O peso das actividades informais no País, onde está cerca de 80% da força de trabalho activa angolana, é indiscutível até na origem e percurso das empresas formais. Segundo os indicadores do Fundo Monetário Internacional (FMI), "mais de um terço das empresas do sector formal em Angola começaram sem estarem registadas", uma tendência que também se verifica em mais de 20% das empresas em um quarto dos países da África Subsariana.
O FMI cita os inquéritos do Banco Mundial às empresas dos países referidos, num artigo com o título "O tempo está a contar: superar o desafio urgente da criação de empregos na África Subsariana", que aponta as grandes dificuldades que a região enfrenta no que diz respeito ao binómio demografia/economia. Ao mesmo tempo que a população aumenta rapidamente, a fraca criação de empregos formais e de qualidade e os baixos níveis de crescimento das economias são uma espécie de "bomba-relógio" para o curto e médio prazo para os países africanos situados abaixo do Saara.
O panorama na região é dominado por empregos de subsistência, numa realidade em que menos de um quarto dos trabalhadores aufere um salário fixo. Mais de um terço da força activa é classificada como pobre e aufere menos de 1,90 USD por dia. O subemprego é também extremamente elevado, especialmente em zonas rurais, que dependem da agricultura sazonal. Os empregos são maioritariamente informais, especialmente para os jovens e as mulheres.
"Os mercados de trabalho da região caracterizam-se por elevados níveis de informalidade e entraves significativos à criação de empregos, o que resulta numa escassez de empregos de qualidade. Para dar resposta a essa situação, é essencial promover um crescimento amplo e inclusivo da produtividade, nomeadamente no sector informal", defende o FMI.
Para mudar este cenário, os governos e os principais decisores no sector privado devem implementar "políticas bem direccionadas para os trabalhadores" e eliminar os "obstáculos ao crescimento das empresas", uma descrição que pode ser facilmente aplicada à realidade angolana. "Esses esforços devem ser complementados por políticas que apoiem a transformação estrutural rumo a actividades de maior produtividade, para que seja possível alargar de forma significativa as oportunidades de emprego", considera o FMI.
Em 2030, metade do aumento da mão-de-obra mundial provirá da África Subsariana, o que requer a criação de até 15 milhões de novos empregos por ano. Este desafio é particularmente urgente em economias frágeis, afectadas por conflitos e baixos rendimentos. Estas economias representam quase 80% das necessidades anuais de criação de empregos na região subsariana.
Estes países, como é o caso de Angola, apresentam taxas de fecundidade elevadas e a população jovem ainda não atingiu o seu pico.
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