Cobrança de dívidas e redução de custos conduzem ENSA ao maior lucro de sempre
A ENSA Seguros regressou aos lucros em 2020 registando um resultado líquido "histórico" de 17,7 mil milhões Kz, o que compara com os quase 10 mil milhões de prejuízos de 2019, resultado impulsionado pela cobrança de prémios antigos, sobretudo no Sector Empresarial Público, e pela redução de custos com vista ao arranque da privatização.
A revisão e não renovação de alguns contratos de prestação de serviços, incluindo consultoria, foi uma das causas para a redução de custos, mas também a negociação e negociação de contingências fiscais, a melhoria o processo de cobrança dos prémios de seguro em dívida e a regularização das mesmas. Acresce ainda a negociação e regularização da dívida com prestadores clínicos que no final de 2019 ascendia a 12 mil milhões Kz.
Se em Kwanzas a seguradora alcançou um resultado histórico num cenário adverso em plena pandemia da Covid-19, segundo o presidente do Conselho de Administração, Carlos Duarte, em dólares os resultados seguiram o mesmo caminho.
Em 2020 face a 2019, os prémios emitidos registaram um crescimento de 33% para 84,6 mil milhões Kz, enquanto o número de apólices diminuiu 32% para 47.521, menos quase 21 mil apólices, seguindo uma tendência de queda iniciada em 2017. Entre 2016 e 2020, a ENSA passou de 124.145 apólices registadas para 47.521, um afundanço de 62%.
Se por um lado as receitas aumentaram por via dos prémios emitidos, as despesas com indemnizações também subiram. As indemnizações por sinistro cresceram 44% para 46,3 mil milhões Kz face a 2019, influenciado sobretudo por "dois sinistros de grande dimensão do ramo" da petroquímica.
"Este é de facto um resultado histórico para a organização. Isto é particularmente importante porque era necessário que a ENSA desse um sinal ao mercado, sobretudo numa altura de crise e recessão económica que vivemos. No fundo, é a nossa contribuição para afastarmos esse aspecto de crise que assistimos um pouco por todo lado", explica o presidente do Conselho de Administração, Carlos Duarte.
A seguradora que está em processo de privatização reforçou a liderança de 35% para 37% da quota de mercado. O ramo acidentes, saúde e viagens representa 53% (44, 6 mil milhões Kz) dos prémios recebidos pela seguradora em 2020, seguido da petroquímica com 35%, ramo cujo valor praticamente triplicou face a 2019, passando de 10,6 mil milhões Kz para 29,4 mil milhões. A desvalorização do Kwanza face ao dólar justifica este aumento neste ramo em que os contratos são quase totalmente colocados no mercado ressegurador, estando por isso exposto a moeda externa e à desvalorização da moeda nacional.
Dos 17,7 mil milhões Kz de resultados líquidos, a seguradora propõe 54% para resultados transitados, 28% para capital social e os restantes 18% para reserva legal. Os resultados líquidos registados em 2020 fizeram disparar o rácio de solvabilidade para 213%, o que compara com os 102% de 2019. A ENSA Seguros fecha as contas de 2020 com um activo de 195,8 mil milhões Kz e com um capital próprio de quase 38 mil milhões Kz.
(Leia o artigo integral na edição 623 do Expansão, de sexta-feira, dia 7 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)