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África

África precisa de ter mais voz na tomada de decisões sobre as finanças mundiais

DEFENDE VERA SONGWE NUM APELO DIRIGIDO A JANET YELLEN

Na perspectiva de África, o novo roteiro precisa que o continente "tenha mais voz nos conselhos dos grupos financeiros e fóruns de tomada de decisão e mais velocidade e volume nos fluxos financeiros"

"O curso da economia global está a ser remodelado e o sistema financeiro global incorporado nas instituições de Bretton Woods - o FMI e o Banco Mundial - também precisa de ser remodelado", escreve Vera Songwe, secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África (Uneca), numa carta publicada no Financial Times, onde reclama um papel mais activo de África na tomada de deci[1]sões sobre as finanças mundiais.

Songwe reage, assim, ao apelo da secretária do Tesouro dos EUA, antes das reuniões da Primavera do FMI e do Banco Mundial, que se realizaram de 18 a 24 de Abril, onde Janet Yellen convocou os Estados para um "novo" Bretton Woods. E é a Yellen que a secretária executiva da Uneca se dirige na esperança de que exerça influência junto do G7 e do G20 para que África deixe de mendigar e passe a ser parte activa nas instituições financeiras globais e destinatária de mais ajuda face aos crescentes desafios que enfrenta.

"As palavras de Yellen dispararam uma arma de arranque para a mudança, mas para conquistar a maioria deste mundo é preciso mais do que palavras. É preciso um mapa de estradas", afirma a secretária executiva da Uneca, notando que, na perspectiva de África, esse roteiro precisa que o continente "tenha mais voz nos conselhos dos grupos financeiros e fóruns de tomada de decisão e mais velocidade e volume nos fluxos financeiros". As economias africanas "são atingidas por todos os lados pelos impactos da Covid, das alterações climáticas, dos conflitos e dos seus cruéis footsoldiers: terroristas, gafanhotos, secas, inundações e, tragicamente, agora até mesmo fome". África é "resiliente", mas essa resiliência "também precisa de investimento e tranquilidade", sublinha Songwe.

"Desembolsar mais depressa e muito mais"

Na perspectiva da secretária executiva da Uneca, a curto prazo, Yellen "deve renovar os esforços para reciclar os 100 mil milhões USD em direitos especiais de saque [DES], tal como prometido", mas também olhar para uma nova distribuição de DES [moeda do FMI] e colocar esses activos "em mecanismos que os ministros das finanças africanos irão utilizar, e que estão a pedir, para melhorar a liquidez, estabilizar as moedas e reduzir os custos do capital em investimentos em infraestruturas sustentáveis".

A secretária do Tesouro dos EUA deve "liderar os esforços para forçar a fraca liderança do Banco Mundial a enfrentar estes desafios" e "desembolsar mais depressa e muito mais". Deve "persuadir os pares a deixarem de cortar a ajuda" e a "aumentarem essa ajuda face à crescente insegurança alimentar" e "alargar o alívio do serviço da dívida e aprofundar dramaticamente o "quadro comum" do G20 sobre a dívida", defende a carta de Vera Songwe, publicada um dia depois da reunião do Grupo Consultivo Africano.

Numa declaração conjunta, o grupo defende que a principal prioridade é "proteger as famílias mais vulneráveis do impacto dos preços elevados dos alimentos e da energia", que vai afectar de forma mais drástica os "países do Norte de África e do Sahel", os "mais vulneráveis" ao aumento dos preços ou à escassez de trigo. O apoio do FMI a África, segundo o documento, será fornecido pelo Fundo de Resiliência e Sustentabilidade, que conta com promessas de financiamento de 40 mil milhões USD, montante insuficiente para apoiar e ajudar os países africanos a enfrentarem os seus desafios a longo prazo e a construírem resiliência, pelo que apelam a um reforço do financiamento.

O Grupo Consultivo Africano, criado em 2007, compreende os governadores do Fundo de um subconjunto de 12 países africanos pertencentes à Banca Africana (ministros das finanças e governadores dos bancos centrais africanos) e a gestão do Fundo