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África

Angola condena golpe de Estado. Junta militar pede a empresas de mineração, esmagadoramente estrangeiras, que fiquem no país

Guiné-Conacri é o quarto maior exportador mundial de bauxita

Angola condena a tentativa de golpe de Estado na Guiné-Conacri como "um acto anti-democrático e inconstitucional" e pede, à semelhança do que fez o secretário-geral das Nações Unidas, a libertação do Presidente Alpha Condé. Mas o auto-denominado Comité Nacional para a Reorientação e Desenvolvimento, aparentemente, tem um plano para o day after e já pediu às empresas de exploração de minérios, maioritariamente estrangeiras, que fiquem no país. A Guiné-Conacri é o quarto maior exportador mundial de bauxita, uma mistura natural de óxido de alumínio.

Angola, através de um comunicado do Ministério das Relações Exteriores (MIREX), já fez saber a posição oficial do país relativamente ao que designa por "tentativa de golpe de Estado" na Guiné-Conacri, e que põe em causa "os princípios das Declarações de Argel e de Lomé, da União Africana, de 1999 e 2000", e nesse contexto trata-se de um acto anti-democrático e inconstitucional.

Manifesta por isso "a sua solidariedade ao povo guineense, apela os autores deste acto a libertarem incondicionalmente o Presidente Alpha Condé e a preservarem a sua integridade física, assim como insta ao pronto retorno à ordem constitucional, em salvaguarda da paz e da estabilidade na República da Guiné".

No entanto, notícias que chegam de Conacri dão a impressão de que a junta militar, que agora se auto-designa por Comité Nacional para a Reorientação e Desenvolvimento, não está disposta a abrir mãos do poder, e tem planos.

De acordo com o coronel Mamady Doumbouya, o líder dos militares rebeldes das forças especiais, vai ser criado um governo de transição que mais tarde passará o poder para os civis. Enquanto isso, Doumbouya espera eu a economia do país não fique paralisada, anuncia que portos do país continuariam abertos e que o recolher obrigatória nas áreas de mineração está suspenso para "garantir a continuidade da produção", podemos ler no Financial Times, citando o líder dos rebeldes guineenses.

A Guiné-Conacri é o quarto exportador global de bauxita, logo a seguir à Austrália, ao Brasil e à China. A Guiné-Conacri exporta cerca de 19 300 toneladas anos e tem, provavelmente, um dos maiores depósitos de bauxita do mundo. Não tem refinarias até ao momento para trabalhar este minério, o minério em rocha é enviado, especialmente para dois países, a China e a Rússia. As empresas que se dedicam à extracção do minério na Guiné-Conacri são quase todas de capitais estrangeiros, como a russa Rusal ou a norte-americana Alcoa, ou mesmo os australianos da Rio Tinto. A China opera no país através da Chinalco e da SMB Winning que possui uma parte considerável da Simandou, uma das maiores jazidas de ferro do mundo, tudo isto em território da Guiné-Conacri, que, e apesar de ter alguns dos melhores depósitos de bauxita e minério de ferro do mundo, tem grande parte dos seus 13 milhões de habitantes em pobreza extrema.

A actual instabilidade no país pode pôr em causa a produção mundial do alumínio.

Três meses depois do golpe de Estado no Mali, um novo golpe de Estado volta a ensombrar o desenvolvimento dos países da África Austral.