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África

Fim de subsídios gera corrida aos combustíveis na Nigéria

BOLA TINUBU PROMETE REMODELAR A ECONOMICA NACIONAL NO DISCURSO DE TOMADA DE POSSE

"O subsídio ao petróleo tornou-se um albatroz à volta do nosso pescoço", afirmou o novo Presidente da Nigéria, no seu discurso de tomada de posse. Além do fim dos subsídios aos combustíveis, Bola Tinubu prometeu mexidas na política monetária para acabar com o "sistema de taxas de câmbio múltiplas".

A Nigéria enfrenta longas filas nos postos de combustíveis, depois de o novo Presidente, Bola Tinubu, anunciar o fim dos subsídios aos combustíveis, no seu discurso de tomada de posse, segunda-feira, dia 29. Num "aviso à navegação", o novo Presidente deixou claro que o "ponto de partida" da sua presidência "pode não ser cor-de-rosa", mas que não se desviará dos princípios do programa sufragado, cujos princípios assentam em cinco linhas mestras: governar "imparcialmente de acordo com a Constituição e o Estado de direito", defender a nação do terror e da criminalidade, remodelar a economia nacional para promover o crescimento, dar um lugar de destaque às mulheres e jovens e "tomar medidas proactivas" para desencorajar a corrupção.

No campo económico, são vários os compromissos de Tinubu, mas o que teve maior impacto foi o anúncio do fim da subsídiação aos combustíveis.

"O subsídio ao petróleo tornou- -se um albatroz à volta do nosso pescoço. O sistema de taxas de câmbio múltiplas é um sorvedouro para a economia nacional e cria um sistema económico dual", frisou o Presidente nigeriano, que promete instituir "uma reforma orçamental que estimule a economia sem provocar inflação". Bola Tinubu quer ainda tornar a electricidade "mais acessível às empresas e às famílias" e promete rever as queixas dos investidores, locais e estrangeiros, "sobre a tributação múltipla e as várias inibições" ao investimento.

"Asseguraremos que os investidores e as empresas estrangeiras repatriem para o seu país os dividendos e os lucros que ganharam com muito esforço", garantiu Bola Tinubu. Ao dirigir- -se aos jovens, prometeu honrar o compromisso de campanha de "criar um milhão de novos empregos na economia digital".

Custos elevados

Em relação aos subsídios, o Presidente nigeriano vai cumprir a decisão da administração cessante de "eliminar gradualmente o regime de subsídios à gasolina", que tem vindo a favorecer mais os ricos do que os pobres.

"Os subsídios já não podem justificar os seus custos cada vez mais elevados, na sequência da escassez de recursos. Em vez disso, devemos canalizar os fundos para um melhor investimento em infraestruturas públicas, educação, cuidados de saúde e empregos que melhorem materialmente a vida de milhões de pessoas", afirmou, clarificando que o Orçamento de 2023 prevê a subsidiação aos combustíveis apenas até Junho.

A reacção dos nigerianos foi automática, como revela uma reportagem do Premium Times, de segunda-feira, que relata congestionamentos em Lagos e Abuja, após o discurso do novo Presidente. À noite, "algumas estações de serviço estavam fechadas à chave, enquanto outras estavam cercadas por motociclistas, proprietários de triciclos, bem como condutores particulares e comerciais", escreve o jornal.

A corrida aos postos de combustíveis gerou filas intermináveis, que levaram a Autoridade Reguladora do Petróleo da Nigéria (NMDPRA) a lançar um apelo à população para não entrar em pânico. "Apelamos aos nigerianos para que mantenham a calma e resistam ao impulso de armazenar, uma vez que isso representa um risco significativo para a segurança", afirmou Kimchi Apollo, director geral de comunicação da NMDPRA.

(Leia o artigo integral na edição 727 do Expansão, desta sexta-feira, dia 2 de Junho de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)