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África

Receio de contaminação das águas compromete exploração de urânio na Namíbia

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA NEGA LICENÇA DE UTILIZAÇÃO DE ÁGUA

Em causa o método de mineração proposto pela subsidiária da empresa russa, conhecido como lixiviação in-situ, que levanta "sérias preocupações". Paragem põe em causa 600 empregos e investimento de 55 milhões USD.

A Namíbia ordenou a paragem da exploração de urânio, por questões ambientais, ordem que põe em causa cerca de 600 empregos e um investimento de 55 milhões USD, de acordo com Riaan Van Rooyen, porta-voz da One Uranium, subsidiária local da russa Rosatom, empresa que detêm os direitos de exploração de urânio no país.

A Namíbia, o maior produtor africano de urânio e o segundo do mundo, concedeu em 2019 os direitos de exploração do minério à Rosatom, mas a sua filial local, a One Uranium, necessita de uma licença de utilização de água para iniciar a exploração. Só que, em Dezembro, o ministro da Agricultura, Água e Reforma Agrária da Namíbia, Calle Schettwein, negou conceder a licença, com receio de contaminação das águas subterrâneas, por causa do método de mineração proposto pela empresa, conhecido como lixiviação in-situ.

As licenças concedidas à casa-mãe asseguravam a monitorização das actividades, para garantir que não há riscos para o aquífero, mas, "infelizmente, veio a verificar-se que a empresa não estava em conformidade", justificou o ministro, citado pela VOA. O governante deu, assim, razão às preocupações dos agricultores de Omaheke, que no início do ano apresentaram uma petição contra a técnica usada na extracção do minério.

"As soluções mineiras escapam devido a operações inadequadas, fugas, avarias no equipamento, problemas de perfuração e problemas geológicos. A disseminação de soluções de minas torna-se uma grande ameaça à segurança da água potável muito para além dos limites da área da mina", explicou Roy Miller, geólogo reformado e membro do comité de gestão da Associação Mineira de Urânio de Aquífero de Stampriet (SAUMA).

Acusação refutada pelo porta-voz da empresa russa. Segundo Van Rooyen, o método de extracção foi utilizado no Cazaquistão, o maior produtor mundial de urânio, sem prejudicar o ambiente.

Activistas vencem braço-de-ferro

Em Novembro de 2022, a empresa russa levou uma delegação de líderes nacionais e comunitários, assim como meios de comunicação social, da Namíbia ao Cazaquistão para mostrar como funciona a lixiviação in-situ, mas não derrubou as desconfianças, apesar do parecer favorável de algumas entidades locais, como Petra Witbooi. A conselheira eleitoral em Leonardville apoia o projecto, porque traz vantagens económicas e emprego para a região, por isso lamenta que o braço-de-ferro tenha sido vencido pelos activistas.

Geólogos russos identificaram depósitos promissores de urânio na bacia de Stampriet, mas a polémica levou o Ministério da Agricultura a cancelar, já em 2021, duas licenças de prospecção emitidas à Headspring Investments para prospecção de urânio na bacia de Stampriet, porque alegadamente tinham perfurado furos num padrão que imitava o da técnica de lixiviação in-situ. "Os depósitos de urânio que a Headspring Investments (Pty) Ltd. está interessada em depositar em camadas subterrâneas de arenito contendo água potável de alta qualidade num aquífero transfronteiriço que abrange 87 000 km quadrados estende-se até ao Botswana e à África do Sul", segundo o The Namibian. O Instituto do Urânio da Namíbia diz que o sector mineiro em 2018 contribuiu com cerca de 17% do PIB, com o urânio a representar cerca de 1,5%.

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