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'Diego e eu' de Frida Kahlo vendido por 34,9 milhões de dólares

É a obra de arte latino-americana mais cara vendida até agora, e Frida superou Diego

A Sotheby's vendeu aquela que é considerada a obra de arte mais cara de um artista latino-americano, é um dos muitos auto-retratados que a extraordinária pintora mexicana Frida Kahlo fez ao longo da sua física e emocional atormentada vida. E vai para uma colecção particular

"Diego e eu" foi vendido por 34,9 milhões de dólares pela Sotheby's na noite de terça-feira, dia 16.

Frida Kahlo colocou a sua vida, até ao detalhe nas suas telas, é o caso deste auto-retrato em que aparece com o marido, o também pinto e muralista Diego Rivera, com quem tem um casamento feito de lealdade e de muitas traições, muitas, de parte a parte.

O quadro foi concluído cinco dias antes da morte de Frida, em 1954, com 47 anos.

A obra latino-americana referenciada como a mais cara até ao momento era justamente de Diego Rivera, vendida em 2018, por 9,76 milhões de dólares, o que equivale, contando com a inflação, a 10,76 milhões de dólares. O auto-retrato de Frida supera agora esse valor.

Um porta-voz da Sotheby's identificou como comprador da pintura como Eduardo F. Costantini, o fundador de um museu em Buenos Aires. A obra foi adquirida para sua colecção particular. Muitos museus mostraram interesse nesta obras mas a procura dos coleccionadores privados foi intensa.

Frida Kahlo nasceu em 1907 na Cidade do México e começou a pintar em 1926 depois de um acidente com um eléctrico, quando um objectivo metálico lhe entrou literalmente pelo corpo dentro, passou meses de cama e sofreu horrores para o resto da vida. Como mexicana, a morte esteve sempre presente na sua vida e nas suas obras, mas à maneira de Kahlo, que André Breton teimou em chamar de surrealista, uma morte quase festiva, intensa, presente.

Um das razões que determinam a valor desta obra também está relacionado com o facto de "Frida tornou-se uma das artistas mais populares do mundo", disse Gregorio Luke, ex-diretor do Museu de Arte Latino-Americana da Califórnia, e do governo mexicano ter regras muito precisas quanto à venda de obras de arte de artistas proeminentes como Frida ou Diego para fora do país, o que faz com que haja muito poucas obras de um e de outro no mercado, apesar de um e de outro terem trabalhado, por exemplo, para instituições de arte norte-americanas em vida.

Há ainda outro aspecto assinável neste leilão, a capacidade de Kahlo de superar o recorde do marido é tido como um sinal dos tempos. Muitas vezes, em casais de artistas casados, a mulher que era esquecida, explicou Jorge Daniel Veneciano, curador sénior do Lucas Museum of Narrative Art, em Los Angeles, citado pelo The New York Times, e acrescentou "em termos de política de género, isso é muito", e agora podemos dizer que "Diego Rivera é o marido de Frida Kahlo" e que ela o superou.

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