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"Coligação semáforo" vai formar governo e Olaf Scholz é o novo chanceler da maior economia da Europa

Sociais-democratas, verdes e liberais chegaram a acordo

Na Alemanha, sociais-democratas, verdes e liberais da Alemanha chegaram a um acordo sobre a formação de um novo governo, abrindo caminho para que o ministro das Finanças Olaf Scholz suceda a Angela Merkel como líder da maior economia da Europa

Os três partidos apresentam na tarde desta quarta-feira, dia 24, o seu acordo de coligação, com o culminar de dois meses de intensas negociações depois das eleições de 26 de Setembro, em que os social-democratas do SPD venceram por margem mínima.

O novo governo surge quando uma nova vaga da pandemia da Covid-19, a quinta vaga, atinge forte e feio a Alemanha. As autoridades anuncuaram 66.884 novas infecções por coronavírus nas últimas 24 horas - um recorde - enquanto a taxa de incidência por 100 mil pessoas em 7 dias excedeu 400 pela primeira vez desde o início do surto de Covid-19.

Com Merkel a sair de cena após quatro mandatos como chanceler, os democratas-cristãos obtiveram um dos seus piores resultados eleitorais e ao fim de 16 anos de poder é agora partido de oposição.

A CDU sai e entra o SPD para governar com a "coligação semáforo" - encarnado (SPD), amarelo (FDP) e verde (Os Verdes) - e uma coisa já se sabe sobre esta coligação, que será a primeira coligação de governo que deve colocar o combate às mudanças climáticas no topo de sua agenda. Um objetivo importante será antecipar a eliminação do carvão da Alemanha, prevista para 2038.

Muito se tem comentado sobre esta "gerigonça" (termo grafado pela política portuguesa para coligações improváveis), porque se há muito em comum entre os Verdes e o centenário partido social-democrata alemão, o SPD, e até porque já tiveram experiências governativas conjuntas no passado - de 1998 a 2005 com Gerhard Schröder como chanceler -, já com os liberais... os liberais do FDP são tradicionalmente mais conservadores e teriam, em teoria e ideologia, tudo a ver com a CDU de Merkel, o seu aliado natural, e quase nada a ver com os seus actuais parceiros de coligação.

E os sinais vêm da campanha eleitoral, em que Os Verdes defenderam grandes investimentos para combater as mudanças climáticas e actualizar as infraestruturas alemãs, falaram de um eventual aumento de impostos e em afrouxar as regras rígidas do país sobre a dívida.

No entanto, o FDP descartou quaisquer aumentos de impostos e quaisquer mudanças no "freio da dívida" - o que é uma restrição constitucional na Alemanha, um tecto bem definido para o endividamento. E o novo ministro das Finanças pode vir mesmo do FDP e será Christian Lindner.

Por agora, a ideia de que estas diferenças ideológicas foram superadas dizem muito da capacidade de Scholz como negociador, ele que é um dos políticos mais experientes e populares da Alemanha, com uma sólida carreira política. É ministro das Finanças da Alemanha desde 2018, sucedendo no cargo a Wolfgang Schäuble.

Numa primeira fase tão cauteloso e prudente como o seu antecessor, historicamente austero e austeritário, mas quando surgiu a pandemia, Scholz abriu as torneiras da despesa para apoiar a economia, famílias e empresas, no que foi considerado como um dos programas de ajuda de emergência mais generosos da Europa.