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Organizações não governamentais pedem ao Bank of China para deixar de financiar projectos de fábricas a carvão

Há 130 instituições financeiras no mundo que condicionam os seus investimentos em combustíveis fósseis

O Bank of China (BoC) é o mais relevante investidor global de fábricas a carvão, por estes dias, 35 organizações não governamentais de vários países dirigiram uma carta aberta a Liu Liange, o chairman do banco do Estado chinês, a pedir para deixar de o fazer, dentro e fora do continente asiático.

O Bank of China (BoC), um banco controlado pelo Estado, é um dos mais relevantes investidores globais em fábricas a carvão a quem é agora pedido que termina com tais financiamentos, dentro e fora do continente asiático, e para transferir esse apoio para o financiamento de energias limpas, são 35 organizações não governamentais de 13 país da Ásia, África e Europa, que pedem isso mesmo em carta aberta dirigida a Liu Liange o chairman do BoC.

O financiamento das fábricas a carvão faz parte da ampla iniciativa Belt and Road, ou Nova Rota da Sede.

Mesmo com o governo chinês a afirmar que respeitaria os direitos das comunidades locais a decidirem sobre que tipo de energia precisam, a verdade, e de acordo com a carta aberta, há uma oposição crescente dos países em desenvolvimento à instalação de fábricas a carvão. E mesmo na própria China. O Greenpeace alertou à relativamente pouco tempo para 24 projectos da instalação de fábricas a carvão em várias províncias chinesas.

O financiamento externo total do BoC para projectos assentes em energia de derivados do carvão é, desde o Acordo de Paris, em 2015, de mais de 35 mil milhões de dólares, um recorde de investimento que não está "em sintonia com a ambição de mudanças climáticas" da própria China, pode ler-se na carta, citada pela Reuters.

A mesma carta que lembra que mais de 130 instituições financeiras pelo mundo fora já decidiram condicionar os seus investimentos em combustíveis fósseis e apelou ao BoC que fizesse o mesmo.

Sem comentar a carta, no final de Agosto, Liu Jin, o vice-chairman BoC, afirmou que o banco iria "reduzir gradualmente" a parcela do crédito concedida a projectos a carvão no período de 2021/2025, mas continua a conceder empréstimos para a manutenção técnica do sector.

Julien Vincent, director executivo da Market Forces, uma organização australiana que faz campanha contra o financiamento de combustíveis fósseis, adiantou que as dezenas de fábricas a carvão existentes no mundo não iriam muito longe sem o apoio do banco chinês.

"A narrativa sobre o carvão dos líderes empresariais e financeiros chineses está, claramente, a mudar, mas o que conta realmente é a acção", disse Vincent à Reuters.

E na acção, as instituições financeiras chinesas estão gradualmente a afastar-se do carvão, o Banco Industrial e Comercial da China, o maior banco do mundo em activos, já se comprometeu a traçar um "roteiro" para se afastar das actividades relacionadas com o carvão.

Com vários países do mundo, segundo o think tank europeu E3G, 44 países no mundo já se "comprometeram" a não investir mais em projectos relacionados com o carvão, um processo que tem vindo a ser gradual, acentuando-se desde 2015. Pede-se agora o mesmo ao governo chinês, o assim fosse feito, mais de 50% dos novos projectos de instalações de fábricas a carvão não avançariam.