A importância de uma visão estratégica para o futuro das empresas
O fenómeno da globalização trouxe grandes desafios às empresas, pois, o mesmo tem sido responsável pelo estreitamento das relações entre as nações, trazendo como consequência uma competição extremamente acirrada entre as empresas.
Neste cenário, leva vantagem a empresa que souber adoptar um posicionamento estratégico bem definido, traduzido numa visão clara acerca dos objectivos que pretende alcançar e o caminho a trilhar. É ponto assente que, a materialização dos anseios da empresa deve ser acompanhada de um planeamento estratégico, por ser uma ferramenta útil na definição de acções a serem tomadas para adaptar a empresa ao seu ambiente.
Este planeamento serve como base para acções que devem ser realizadas no presente para que se atinjam os objectivos futuros. Mas o que é o planeamento estrátegico e quais são os passos para sua elaboração e implementação? Planear é decidir antecipadamente o que fazer, como fazer, quando fazer e com que recursos, a estratégia é definição do melhorar caminho a ser perseguido para materializar o que foi planificado.
Partindo desta premissa, podemos afirmar que o planeamento estratégico tem o objectivo dar um rumo a empresa, isto é, fixar objectivos maiores a serem alcançados, normalmente num periodo de médio, longo prazo. Para o efeito, é necessário que a empresa escolha as alternativas mais viáveis para alocação dos seus recursos, quer sejam humanos , materias ou financeiros.
O primeiro passo para a elaboração do planeamento estratégico é a definição da missão e visão da empresa. A missão é a razão de ser do negócio, reflete o papel da empresa na geração de benefícios à sociedade. Já a visão, é a situação em que a empresa deseja chegar num determinado período de tempo.
Após definir estes direcionadores estratégicos é necessário realizar um diagnostico à situação actual da empresa, isto é feito através da identificação dos pontos fortes e dos pontos fracos existentes no seio da empresa e das oportunidades e ameaças existem no mercado onde a empresa se encontra inserida. A ferramenta mais apropriada para a realização desta análise é denominada análise de SWOT .
Tomando como base os direcionadores estratégicos e o diagnostico da situação actual, o passo seguinte é a definição dos objectivos estratégicos. Dentre as ferramentas utilizadas para a definição e acompanhamento da estratégia o Balanced Scorecard tem-se mostrado muito eficaz, isto deriva do facto desta ferramenta possibilitar as empresas obterem uma visão global e integrada dos seus desempenhos, pois não limita a definição e avaliação dos objectivos estratégicos apenas à perspectiva financeira, inclui também três novas perspectivas não-financeiras ( Clientes, Processos Internos, Aprendizagem e Desenvolvimento).
Exemplo de objectivos estratégicos; Perspectiva Financeira: Aumentar as receitas; Perspectiva de Clientes: aumentar a satisfação dos clientes; Perspectiva dos Processos Internos: aumentar a produtividade; Perspectiva de Aprendizagem e Desenvolvimento: Capacitar os colaboradores. Segundo a metodologia do BSC, por meio de uma relação causa e efeito, essas perspectivas devem ser ligadas entre si num mapa estratégico, para que se consiga traduzir a visão corporativa da organização em acções operacionais que tragam os resultados almejados.
Esta relação pode ser entendida da seguinte forma; Se o colaboradores estiverem motivados, munidos com as competências técnicas e meios de trabalho apropriados, poderão atingir a excelência no desempenho dos processos internos, que por sua vez repercutirá na satisfação e fidelização dos clientes, factor que permitirá aumentar a remuneração do capital e consequentemente nível de satisfação dos acionistas.
Após a definição dos objectivos estratégicos nas perspectivas acima indicadas e a elaboração do mapa estratégico, deve-se apontar os indicadores que irão definir como será medido e acompanhado o sucesso do alcance de cada objectivo estratégico . Exemplo de indicadores; Perspectiva Financeira: Facturamento anual; Perspectiva de Clientes: Índice de satisfação dos clientes; Perspectiva dos Processos Internos: número de processos melhorados/total de processos da organização x 100 em %; Perspectiva de Aprendizagem e Desenvolvimento: número de horas de formação.
Logo em seguida deve-se estabelecer metas para cada indicador, que clarifiquem o nível de desempenho ou taxa de melhoria a ser alcançada. Exemplo de Meta; Perspectiva Financeira: Aumentar o facturamento em 20% ; Perspectiva de Clientes: Atingir 70% de cliente satisfeitos até o 2ª semestre; Perspectiva dos Processos Internos: 60% dos processos melhorados até o 2ª semestre; Perspectiva de Aprendizagem e Desenvolvimento: 420 horas formação até o 3ª semestre. Uma vez que a visão da empresa esteja desdobrada em objectivos estratégicos, indicadores e metas, é hora de identificar as iniciativas necessárias para concretizar a visão da empresa, devendo-se para tal, elaborar um plano de acção para cada iniciativa.
Uma das ferramentas utilizadas para a elaboração e acompanhamento do plano de acção é a 5w2h, este nome foi atribuído pelo facto desta ferramenta juntar as primeiras letras dos nomes (em inglês) das diretrizes utilizadas neste processo; What -O que será feito; Why- Por que será feito; Where - Onde será feito; Who - Por quem será feito; When - Quando será feito; How - Como será feito; How much- quanto custará. Exemplo: O que? Redução do consumo excessivo de energia Por que? O consumo de energia está muito elevado e precisamos identificar meios para podermos baixá-lo. Como? Diminuindo a utilização do ar condicionado e conscientizando todos os colaboradores para que quando forem os últimos a deixarem o ambiente, apaguem as luzes. Quem? Todos os colaboradores Quando? A partir de amanhã Quanto custa? A ação terá um custo zero e o objetivo é reduzir o consumo de energia em 10%. Importar salientar que, regral geral, os empresários angolanos não têm consciência do poder que a visão de futuro tem de direcionar e motivar o desenvolvimento de suas empresas.
Seja pelo próprio despreparo em termos de gestão, seja pelo histórico de sucesso que algumas empresas tiveram sem a elaboração de planeamento estratégico, ou ainda, seja pelo cenário político e econômico do país que não favoreceu a cultura de visão de futuro e planeamento de longo prazo na sociedade Angolana. Entretanto, apesar dessas barreiras, é fundamental que as empresas do país comecem a traçar seus próprios destinos, caso queiram efectivamente assumir o lugar que lhes cabe no contexto do crescimento e desenvolvimento da economia angolana.