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Opinião

ANGOLA: Estratégia de estabilização financeira (2002–2024) - Tratado de batalhas monetárias, solvência estratégica e doutrina de rendimento

CONVIDADO

Angola não apenas resistiu: metamorfoseou-se. Empunha agora a espada da estabilidade não como arma, mas como baliza. Fez da guerra financeira uma liturgia, e da doutrina, um tratado de redenção soberana.

i. SENTINELAS DE CAPITAL: O Rácio de Adequação sob Olhares de Guerra

«O estratega vitorioso vence primeiro e apenas depois marcha para o combate.»

Sun Tzu

O Rácio de Adequação de Capital (RAC), também consagrado como Tier 1 Capital, constitui a ameia invisível da cidadela financeira: mensuração da robustez do capital de primeira linha em proporção aos ativos ponderados pelo risco. Mais do que mera estatística, é a cifra da resiliência institucional face aos mísseis da incerteza global.

Entre 2017 e 2018, Angola mantinha-se em vigília sobre os 18,9% - um limiar tático que ultrapassava em muito o preceito mínimo de Basileia III (8%). Mas foi em 2019 que o seísmo aconteceu: 24,2%. Não uma ocorrência fortuita, mas sim uma coreografia de recapitalização deliberada, quiçá uma operação de expurgo táctico dos riscos.

Entre 2020 e 2022, variando entre 22,8% e 28,4%, o RAC tornou-se baluarte contra os vendavais pandémicos, a implosão do Brent e a ferocidade cambial. Em 2024, com 26,0%, assiste-se não a uma retração, mas a um recuo estratégico à Alexandre Magno: redesenho das linhas para consolidar o campo.

II. TERRITÓRIOS OCUPADOS: O Crédito Malparado como Fronteira Vulnerável

«Triunfa quem sabe quando combater e quando abster-se»

Sun Tzu

O Crédito Malparado (NPL) é a trincheira ferida por onde penetram as hostes da inadimplência. Quando este rácio ultrapassa os 10%, torna-se alarme sísmico. Entre 2013 e 2016, Angola oscilava entre 9,8% e 13,2%, mas de 2017 a 2019, o colapso instalava-se: 28,8% a 32,4%.

A partir de 2020, a guerra muda de rumo. A contraofensiva é cirúrgica: reestruturações, auditorias, expurgo dos ativos tóxicos. Em 2023, o rácio recua a 14,4%. Contudo, 2024 assinala 15,1%, revelando que o inimigo não fora vencido, apenas dissimulado.

A vitória não está na repulsa momentânea, mas na ocupação duradoura com tecnologias de scoring, esquadrões de compliance e reforma disciplinar de Napoleõnica meticulosidade.

III. RECONQUISTA DA CONFIANÇA: O Retorno sobre Capitais Próprios (ROE)

«A suprema arte da guerra consiste em vencer sem combater.»

Sun Tzu

O ROE é o estandarte silencioso da rentabilidade. Em 2013, brilhava em 10,9%. Mas o ano seguinte revelou a brecha: 4,9%. Todavia, o contra-ataque foi notável: 14,5% em 2016, e o zênite de 26,6% em 2018.

O abismo viria em 2020: -- 29,8%. Uma hecatombe de rentabilidade, o templo destruído. Mas como Fênix doutrinada, o sistema ressuscita: 26,7% em 2021, 30,4% em 2024. Tal é o selo de uma estratégia total: operar, adaptar, triunfar.

VI. ALGORITMO DA EFICIÊNCIA: A Decomposição DuPont

«Domina o interior antes de conquistares o exterior»

Vegecio

A Decomposição DuPont revela-se instrumento hermenêutico da performance: margem, rotação e alavancagem.

A margem líquida sobe de 29,2% em 2013 para 49,1% em 2024: sinal de gestão de cerco eficiente. A rotação dos activos (18,0x em 2022) é mobilidade sem reforço. A alavancagem prudente é vício evitado: entre 0,016x e 0,096x. Tal economia é feita de templários da cautela.

V. A LITURGIA DA GUERRA ECONÓMICA

«O campo de batalha é o espelho onde se reflete o Estado»

Carl von Clausewitz

Cada indicador é uma peça no xadrez estratégico. O RAC é torre, o NPL um peão ferido, o ROE um bispo de visão longa, a DuPont a rainha que tudo articula.

Angola não apenas resistiu: metamorfoseou-se. Empunha agora a espada da estabilidade não como arma, mas como baliza. Fez da guerra financeira uma liturgia, e da doutrina, um tratado de redenção soberana.

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