Indústria transformadora
A falta de energia e água e mão-de-obra qualificada apelam para os problemas estruturais decorrentes da dispersão dos objectivos do Estado, que continuam a conduzir a que não se coloquem os recursos onde deviam, nomeadamente na educação (com uma formação profissionalizante) e nas infraestruturas gerais de distribuição de electricidade e água.
Segundo o INE, a variação do sector face a 2022 é a seguinte:
¦ Em volume, a variação trimestral homóloga é de +0,1% e a variação acumulada semestral é de 0,7%.
¦ Em valor deflacionado do IPCN(1), a variação trimestral homologa é de +10,4%, e a variação acumulada semestral é de +12,0% .
¦ A variação homóloga dos preços (rendimentos) do sector situa-se 10,4% acima do INPC.
¦ Em volume, o peso é constante, à volta de 6,5%, caindo para cerca de 5,5% nos 1.os trimestres.
¦ Em valor, o peso do sector é crescente, entre os 8% e os 12%.
Receamos que os actuais condicionalismos à importação possam comprometer gravemente o crescimento do sector no 2.º semestre.
"Os principais constrangimentos registados pelos empresários foram: a falta de água, energia e de mão-de-obra especializada, bem como a de matéria-prima, as dificuldades financeiras e as frequentes avarias mecânicas nos equipamentos" (INE - Inquéritos de Conjuntura económica às empresas 2.º trimestre de 2023).
A falta de energia e água e mão- -de-obra qualificada apelam para os problemas estruturais decorrentes da dispersão dos objectivos do Estado, que continuam a conduzir a que não se coloquem os recursos onde deviam, nomeadamente na educação (com uma formação profissionalizante) e nas infraestruturas gerais de distribuição de electricidade e água. É imperioso que o Estado centre os seus recursos no que são as suas atribuições e liberte a iniciativa privada para o resto!
No caso da indústria, é absurdo que não se tenha ainda resolvido o problema da água e electricidade para os pólos e as zonas de maior concentração industrial, que não são mais do que 30 locais!
Na formação, além dos problemas da condescendência que conduzem a que as crianças transitem de classe sem saberem o suficiente e sem terem programas de recuperação pedagógica, devem-se alterar rapidamente os programas, pelo menos a partir da 6.ª classe. Os alunos devem ser preparados para uma profissão a partir desse nível, de forma a que sejam capazes de enfrentar o mercado de trabalho com conhecimentos profissionais aos 15 anos, idade a partir da qual, segundo o INE, a maioria das crianças começa a procurar trabalho. Alguém que queira ser um engenheiro electrotécnico deve ser um ajudante de electricista com a 9.ª classe, um electricista com a 12.ª e um eng. técnico com o 2.º ano da faculdade. Evidentemente que, entre a 6.ª e a 9.ª, em maior grau, e entre a 9.ª e a 12.ª classes, em menor grau, devem existir disciplinas gerais que permitam a transição de especialidades à medida que a formação da personalidade da criança vá evoluindo.
A falta de matéria-prima e as avarias frequentes são, em grande parte, o resultado do condicionamento das importações e da política de câmbios.
Estes graves problemas da indústria estão ligados ao ziguezague da política cambial, que ora promove os modelos de negócio baseados nas importações ora os condiciona gravemente, reduzindo a produção e conduzindo muitos deles à falência. Só uma política de estabilidade permite aos empresários criarem ou adaptarem os seus modelos de negócios a uma cada vez maior integração da produção interna.
Actualmente, a indústria está a ser afectada pelo agravamento da proibição efectiva das importações! Se as Ordens Superiores dizem para os ministérios não passarem licenças de importação e são efectivamente cumpridas de forma zelosa, as IMPORTAÇÕES ESTÃO, EFECTIVAMENTE, PROIBIDAS, independentemente do que possa estar legislado (que é propositadamente ambíguo para que se abram as portas às Ordens Superiores). É este um dos problemas mais graves do nosso ambiente de negócios. Quem investirá, angolano ou estrangeiro, num ambiente em que há Ordens Superiores que EFECTIVAMENTE comandam a vida das empresas? É gravíssimo e já está a trazer consequências dramáticas nas empresas, no emprego e na inflação! É preciso acabar rapidamente com essa prática económica desastrosa. Não é assim que se protege a produção interna! Uma política cambial adequada deveria garantir a importação das matérias-primas e peças necessárias sem impedir o promoção da indústria interna destes produtos, como desenvolvemos na próxima crónica.
Leia o artigo integral na edição 750 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)