"Chefes" arrogantes tendem a ser soberbos e desagradáveis. São férteis em pressionar os colaboradores, desmotivá-los, destruir a lealdade e, em consequência, diminuir a produtividade. A arrogância afasta, enquanto a autoconfiança atrai. Conseguir distinguir entre autoconfiança e arrogância torna-se pois necessário, em especial, no momento de contratar quadros para funções de liderança. Contudo, fazer esta distinção não é fácil num curto espaço de tempo.

Por isso, é importante reconhecer alguns traços de personalidade e comportamentos que ajudem a reconhecer rapidamente e com precisão se estamos perante autoconfiança ou arrogância. Vejamos, pois. As pessoas arrogantes gostam de falar de si e da promoção da sua imagem, procuram afirmar- -se com símbolos de status, e citam nomes sonantes para se vangloriar os quais, na maior parte dos casos, mal conhecem.

As pessoas autoconfiantes, por outro lado, só falam dos seus feitos e da sua rede de contactos quando o contexto se proporciona. As pessoas arrogantes interrompem as conversas com frequência e têm dificuldade em praticar escuta activa. Pelo contrário, as pessoas autoconfiantes procuram obter contributos dos outros. Num ambiente social, os arrogantes falam mais do que ouvem e tentam sempre fazer valer os seus pontos de vista. Procuram justificar-se a si próprios como uma forma de demonstrar carisma e autoconfiança, embora, no fundo, estejam a confirmar que pura e simplesmente só "olham para o seu umbigo".

A autoconfiança demonstra-se pelo anseio de ouvir e desenvolver relacionamentos com base na troca de experiências e na aprendizagem. Comportamentos de autoconfiança manifestam- -se olhando nos olhos e não se deixando distrair por "ruídos" decorrentes de múltiplas conversas. A arrogância define sempre o sucesso em termos de "eu". Por outro lado a autoconfiança usa "nós" quando se refere ao sucesso.

A arrogância está ligada a uma auto-estima excessiva, e a um receio de partilha do sucesso. As pessoas autoconfiantes são humildes e sabem que histórias de sucesso raramente acontecem hoje em dia em contextos de "eu" e são muito mais o resultado de esforços de "nós".

As pessoas arrogantes usam palavras de condescendência (coitado...), e linguagem corporal de dominância, enquanto a autoconfiança se nota pelo calor humano e acessibilidade. As "chefias" arrogantes quando falam escolhem palavras que põem os colaboradores "para baixo" e usam gestos agressivos como o indicador para apontar e acusar.

Os líderes pessoas autoconfiantes integram e não afastam, recorrendo para tal a palavras positivas e linguagem corporal inclusiva. Os arrogantes têm resposta para tudo. Os autoconfiantes sabem quando dizer "não sei, mas vou tentar saber".

Arrogância é uma forma de esconder insuficiências próprias e de compensar sentimentos de fraqueza e de insegurança, tentando mostrar que se sabe tudo e nunca admitir erros. Por outro lado líderes autoconfiantes não têm receio de assumir as suas limitações pois compreendem o valor da honestidade e da humildade. Não ser capaz de distinguir autoconfiança de arrogância pode ser um erro fatal em termos de liderança e de gestão..

Sinais como referir nomes sonantes só para impressionar, ouvir pouco, falar em termos de "eu, eu...", ter a mania que se sabe tudo e usar linguagem aviltante são sinais de arrogância. Por outro lado, líderes autoconfiantes que contextualizem os seus sucessos, procurem o contributo dos outros, sejam acessíveis, falem em termos de "nós" e que não tenham receio de reconhecer as suas fraquezas, fazem por certo a diferença nos resultados globais de qualquer organização pública ou privada.

José Aires, Director de Desenvolvimento e Formação da A+ Angola