O princípio do fim da hegemonia de uma potência. A baçula dos EUA!
Caindo a América do Norte, vejo a guarda da liderança mundial nas mãos de um colégio composto por países dos dois blocos (bipolares), o que evitaria uma liderança arrogante, com hipocrisia, de verdades montadas sobre mentiras com apetites inconfessos.
Colégio este mesclado entre africanos, americanos e asiáticos, juntos, no centro das grandes decisões. Um novo conselho de segurança da ONU. Um novo ideal. Com uma unção de ética para afugentar a vergonha! A hipocrisia também tem sido uma das armas utilizadas pelos poderosos, quando visível, então, é o princípio do seu fim e vê-se as suas fraquezas, prenúncio da perda de poder. Recentemente, os EUA apoiaram o reconhecimento de Juan Guaidó como único legítimo presidente da Venezuela, citando a Reuters.
Mas, após o boicote norte-americano às importações de petróleo e gás da Rússia, altos representantes dos Estados Unidos da América, reuniram-se com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em Caracas (o primeiro encontro dessa natureza desde que os dois países romperam relações em 2019), para verificar a possibilidade da compra de petróleo da Venezuela, deixando de importar o produto da Rússia.
Os acontecimentos vão-nos dando sinais que há muito não se via acontecer com a nação mais poderosa do mundo entre mentiras (não piedosas), hipocrisia e derrapagem nos indicadores económico- -financeiros. Será que a América do Norte está a ser presa na sua própria astúcia?
Cito o criador da palavra petrodólar, o professor de Economia da Universidade Georgetown, Ibrahim Oweiss, em 1973, quando disse: "era necessária a criação de um termo que caracterizasse a crise do petróleo instaurada naquele momento, factor que ocasionou o aumento dos valores do barril desse combustível fóssil, desencadeando um intenso fluxo de capitais em direcção às economias dos países produtores".
O termo petrodólar representa as relações comerciais estabelecidas entre um país comprador de petróleo, que paga em dólar, e outro que vende o petróleo, principal fonte energética do mundo. Definido também como os capitais obtidos pelos países exportadores de petróleo, isto, devido ao acordo assinado entre os EUA e a Arábia Saudita para comercialização de cada barril de petróleo em dólares da Federal Reserve, em troca de armas e protecção militar dos campos de petróleo.
Como é sabido, as bolsas revelam a potencialidade, a força da economia de um País, no entanto, nos últimos dias têm vindo sinais de Wall Street (devido ao receio dos investidores do vislumbre de uma recessão da maior economia do mundo), que a curva das yields da dívida norte-americana indiciam uma contracção económica, o que não se via desde 2007, fechando a bolsa em terreno negativo. As Treasures, o Dow Jones, o S&P 500, o Nasdaq Composite, têm cedido pontos. E, fruto da globalização, arrastam consigo as bolsas da Europa, cujos índices têm sofrido também derrapagens, nos casos da Stoxx 600 referência para a Europa, o IBEX espanhol, o DAX alemão, o CAC 40 francês, o AEX holandês, o FTSE italiano, o PSI português, e o FTSE de Londres.
O seu fim tem sido cada vez mais evidenciado, quando a China, Rússia e a Índia têm vindo a acumular reservas de ouro, para se precaverem de uma provável inflação do dólar norte-americano.
Lembramos que o FMI aceitou o yuan no cesto de moedas de reserva, o que despertou a atenção dos investidores. A Rússia, isto em 2016, passou a aceitar pagamentos em yuan e a tornar- -se o maior fornecedor de petróleo à China, retirando espaço à Arábia Saudita. Por isso, a Arábia Saudita, está a considerar a possibilidade de aceitar yuans em vez de dólares nos negócios com o gigante asiático. A Rússia está a insistir para que alguns países comprem a energia em rublos e, como um dos maiores exportadores de commodities no mundo, estão a ser usadas outras moedas para a compra v.g., do carvão e petróleo. O Irão também abandonou o dólar devido ao bloqueio imposto pelos EUA, de impedir a entrada de muçulmanos no seu País.
Angola pode sonhar em fazer parte integrante de um novo ideal (o colégio), a julgar pelo protagonismo que tem tido nas negociações e resolução de conflitos, v.g., a dos Grandes Lagos e, muito recentemente, o conflito entre o Ruanda e a RDC. Embora seja "uma miragem", devido à sua fraqueza ou fragilidade económica, mas pelo menos pela sua potencialidade. Então, pode emergir para lá! Para este cenário, e de maneira a acompanharmos atentamente, Angola deve ir criando reservas monetárias em rublo e yuan, bem como aumentar as suas reservas em ouro.
Portanto, com o provável colapso da maior economia do mundo, os grandes produtores de petróleo não se restringirão a vender somente em dólar, mas também noutras moedas consolidadas, tirando assim hegemonia à moeda americana e, consequentemente, provocará a redução da demanda de dólares, acabando com o estatuto de moeda de reserva mundial; o surgimento de um novo Bretton Woods com uma nova ordem mundial monetária; e a comercialização de commodities noutras moedas não tradicionais (dólar e euros) no comércio internacional.