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Opinião

Por que ainda não somos um país rico

Opinião

É necessário um Estado presente para evitar e corrigir os desalinhamentos do sistema, para incentivar e fomentar as mentes com ideias brilhantes e para exigir o cumprimento das leis que conformam as sociedades

A verdade é que ainda não somos um país rico, ou seja, estamos na fase de ser considerados "um rico país". Somos um país que tem potencialidades, mas que não tem as realizações pretendidas, somos o país do futuro, mas temos de entender que até mesmo o futuro depende do que se faz no presente.

Angola é um país que tem uma pirâmide etária propícia para impulsionar o crescimento económico devido ao percentual de populacional activo.

Estamos a viver um momento de melhoria e expansão das condições e oportunidades de acesso ao ensino superior, estamos perante um esforço tremendo do Executivo para florescer a nossa classe empresarial não estatal, temos um mercado extremamente consumista e com oportunidades para todos e mais alguns fazerem negócios rentáveis.

Poderíamos estar aqui a enumerar vários factores que tornam a nossa economia numa das mais apetecíveis para o futuro que aí vem, mas a verdade é que somos uma economia virgem em muitos sentidos. Temos um território nacional por plantar e habitar, um sistema financeiro por florescer e recursos minerais por descobrir e por explorar sem termos de obrigatoriamente o fazer em conjunto com terceiros.

O facto de termos uma massa monetária muito volumosa em circulação fora do sistema financeiro é sinónimo de pobreza financeira, pois o dinheiro existe mas não poderá ser canalizado para os melhores projectos, não poderá ser emprestado às melhores empresas e não poderá ser emprestado às famílias que, de facto, têm rendimento para honrar os compromissos.

Não seremos um país rico enquanto as empresas, as seguradoras e os fundos de pensões - que detêm elevadíssimas somas de capital sem terem onde as aplicar - forem obrigados a manter depósitos a prazo com taxas de juros negativas ao invés de fazerem aplicações em títulos de empresas nacionais que poderiam estar cotadas em bolsa, no país ou no estrangeiro; enquanto não tivermos a percepção de que o bem público é para ser preservado, bem como o bem privado.

Portanto, os fundos que o Estado, em colaboração com a banca, aloca para financiar projectos devem ser utilizados para os fins propostos e posteriormente devolvidos com os respectivos juros. Um país que quer ser rico tem de valorizar o nacional, mas não aquele nacional que não é de qualidade, que não é competitivo e que não se esforça para prestar o melhor serviço e pensa que deve ter privilégios só por ser nacional.

O nacional a ser valorizado dever ser melhor do que o que vem de fora, deve fornecer no mínimo um grau de satisfação igual ao produto ou serviço do exterior, pois apenas desta forma é que poderemos conter as importações a todos os níveis (consultorias, material de construção, alimentos de primeira necessidade e outros bens e serviços).

Um país que deseje inverter a tendência de pobreza deve entender que, para tudo na vida, e até mesmo em finanças, é necessário que haja uma liderança e uma autoridade acima de todas as outras para manter a ordem necessária. É importante que a ordem instituída seja respeitada para que se faça sentir a força das instituições, sendo que este ponto é condição basilar para que um sistema financeiro seja respeitado e considerado credível por investidores profissionais.

Ou seja, se pretendemos captar os grandes investidores internacionais (sendo que estes, pelo seu modo de vida, estão mais dispostos a partilharem riscos e com juros mais baixos), os órgãos de supervisão do mercado devem ser respeitados e respeitar os agentes financeiros envolvidos.

O caminho correcto para deixarmos a pobreza financeira é o que está a ser seguido pelo Executivo desde 2008/2009, ano do início da consolidação fiscal, permitindo o ajustamento tributário necessário e combate à fuga ao fisco, a defesa aberta da moeda nacional mediante o fortalecimento das reservas nacionais em moeda estrangeira para fazer face aos desequilíbrios da taxa de câmbio e um ambicioso programa de fomento empresarial privado em conjunto com um - ainda lento - redimensionamento do sector público estatal, para que se possa, finalmente, desonerar o Estado da função empresarial e entregar a responsabilidade de criar empregos e gerar competitividade aos agentes privados.

No mesmo sentido, temos observado, por parte do Executivo, um combate à inflação a todos os níveis vitorioso, com uma taxa de um dígito no ano passado e com óptimas perspectivas de o mesmo acontecer este ano com uma taxa na casa dos 6%.

E, como já tínhamos dito em outros artigos, este facto é de todo importante para a baixa da própria taxa de juro da economia em 2014, o que certamente deverá reduzir os custos com financiamento para empresas, abrindo caminho a maiores margens de lucro e mais poupança e investimento.

É de todo importante que não nos enganemos nem embarquemos pelo caminho mais fácil, que é imputar responsabilidades a quem governa. É necessário um Estado presente para evitar e corrigir os desalinhamentos do sistema, para incentivar e fomentar as mentes com ideias brilhantes e para exigir o cumprimento das leis que conformam as sociedades.

Por fim, é importante que não nos esqueçamos da definição de Estado, que congrega três elementos - povo, governo e território. Vamos tornar- -nos ricos de recursos, educação, saúde, integralidade, responsabilidade e amor à pátria.

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