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Opinião

Angola precisa de metas de inflação, emprego e produção

MILAGRE OU MIRAGEM?

Recentemente, foi destaque o facto de o BNA poder vir a implementar o regime de metas de inflação entre os seus instrumentos de política monetária. Não há dúvidas de que a inflação é um grave problema em Angola (e não só), corrói o poder de compra da população sendo por isso susceptível de provocar distúrbios sociais, particularmente num ano eleitoral como é 2022.

Não é por acaso que vimos o Executivo a tomar todo o tipo de medidas para mostrar que a inflação no País está "controlada" e a "cair". Os dados do IPC, referentes ao mês de Março, mostram que houve um aumento na variação homóloga, saindo de 24,77% em 2021 para 27% em 2022. Contudo, verifica-se uma redução de 0,28 pontos percentuais, entre Fevereiro e Março 2022, o que é positivo. A classe "Alimentação e bebidas não alcoólicas" continua a ser a que mais contribui para este aumento geral de preços.

Olhando para o contexto global, verifica-se igualmente um aumento geral dos preços incluindo nos países mais ricos. De facto, as Perspectivas Económicas Mundiais, publicadas neste mês pelo FMI, mostram, por ex., que a zona Euro vai ter uma inflação de 3,2% vs 2% em 2021 e os Estados Unidos 6,3% vs 4,2% em 2021.

Para a África subsariana projecta-se uma inflação de 12,2% vs 11% em 2021. Apesar da alta de preços ser uma realidade a nível mundial, é importante compreendermos o que motiva este aumento de preços num e outro contexto. Nos países mais ricos este aumento de preços, numa primeira análise, tem a ver com os estímulos dados pelos governos às empresas e famílias durante o pico da crise da pandemia da Covid-19, quando a Covid desestabilizou as cadeias de fornecimento, reduzindo a oferta.

A esta situação devemos acrescentar agora o choque provocado pela guerra na Europa (Rússia vs Ucrânia), que fez aumentar o preço do barril de petróleo nos mercados internacional e com isto os custos de transportação e produção em muitos contextos. Em Angola, a inflação disparou em 2015 para 14%, depois de ter atingido o menor valor em tempo de paz em 2014 (7%). Passou depois para 40% em 2016 com um crescimento negativo do PIB -2,6%. Em 2019 baixou para 18%, mas voltou a disparar para acima dos 25% devido à pandemia da Covid-19.

De 2014 a 2020, o preço do barril de petróleo e a inflação têm uma correlação alta negativa, isto é, quando o preço do petróleo aumenta a inflação diminui e o inverso também é verdade. A queda do preço do petróleo (um choque externo) combinada com medidas de política, tomadas no âmbito do PRODESI, levaram a redução significativa da importação de bens alimentares.

De facto, dados do BNA sobre as importações por categoria de produtos indicam que estas saíram de 3.257,6 mil milhões USD em 2017 para 1.448,6 mil milhões USD em 2021. Isto ocorreu num momento em que também se verificou uma redução na importação de máquinas, aparelhos mecânicos e eléctricos, saindo de 3.273,5 mil milhões USD em 2017 para 2.154,1 mil milhões USD em 2021.

Com a queda do preço do petróleo, alta inflação, redução nas importações de maquinaria e, acima de tudo, redução da actividade económica devido às medidas adoptadas para conter a pandemia, não é surpreendente que a taxa de desemprego se tenha situado nos 32,9% no final do IV Trimestre de 2021. Destacamos aqui o desemprego juvenil (dos 15 - 24 anos)

(Leia o artigo integral na edição 672 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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