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Opinião

Rentabilidade no sector do turismo

CONVIDADO

Pela ausência de uma política estimulante devidamente estruturada, com verdadeiros incentivos à economia real angolana, afigura-se desafiante a implementação de uma Alta Autoridade de Turismo, ao nível de outros sectores, como a dos diamantes e dos petróleos, para que se torne real o potencial do turismo, e que o sector venha a provocar efeitos positivos na diminuição da taxa de câmbio, aumento da oferta de divisas e, concomitantemente, no aumento das reservas internacionais.

Temos as instituições financeiras e não financeiras no sistema financeiro, como organizações cujo objectivo se cinge a actuar nos mercados-base do seu core business e a tornar funcional a economia, com passagem transversal a outros players na sociedade, por exemplo as famílias e as empresas, com fins lucrativos, no sentido de dar uma robustez e saúde financeira a estas instituições. Para alcançar este desiderato tem de se observar certos indicadores-chave do desempenho (KPI"s), se estão a corresponder aos propósitos elementares, sabendo que os recursos são escassos e as necessidades ilimitadas, com o dever de garantir o retorno dos capitais investidos.

Daí a rentabilidade, indicador que mede o percentual do retorno financeiro que um investimento ou negócio gera em relação ao capital investido, o quanto se ganha em relação ao valor aplicado. A Bolsa Internacional de Turismo de Angola - BITUR ANGOLA 2025, que ocorreu em Luanda, no início de Outubro, para debater o futuro do sector, confirma que o turismo é indispensável para o desenvolvimento de um país. Reconheço que ainda há muitos handicaps que desmotivam a actividade turística em Angola, como ter as taxas aeroportuárias mais elevadas do continente, que devemos caminhar no sentido da criação de pacotes especialíssimos para mitigar ou ultrapassar este constrangimento, tanto para nacionais como estrangeiros.

Observando pelo lado da curva de procura turística, na função procura-preço, de forma económica, equivalente à função procura-rendimento, em que a procura turística reage no mesmo sentido face às variações de rendimento, ou seja, a procura do turismo, como serviço, cresce em função do aumento do rendimento, dependendo do poder de compra, com uma reta orçamental mais afastada da origem. Aqui, a procura turística é expressa em função do rendimento.

Realço, as quantidades procuradas aumentam com a subida do rendimento. Vista de uma matriz de prioridades, tendo em conta as dificuldades constatadas na oferta de serviços aceitáveis, para garantir procura no sector, deve-se apostar, numa primeira fase, no turismo religioso, por exemplo, ao Santuário da Muxima e ao Sítio histórico da Teofania, no caso dos tocoistas, em Catete.

O ponto forte destas localidades está na ligação à fé, pelo qual não há preço a pagar, sendo o principal motivo que leva milhares de pessoas a viajar por diversos lugares considerados sagrados, tanto crentes como não crentes. Seja por curiosidade ou para adquirir conhecimentos histórico-culturais e verem respondidas as suas questões. Esta escolha pode servir de vector impulsionador para dar um boost (estímulo) ao sector do turismo e ser um descortinador de certas barreiras neste percurso, onde a oferta crie de facto a sua própria procura e estarmos alinhados com o que disse Jean-Baptist Say (economista e empresário liberal da escola clássica económica que defendeu a concorrência).

Pela ausência de uma política estimulante devidamente estruturada, com verdadeiros incentivos à economia real angolana, afigura-se desafiante a implementação de uma Alta Autoridade de Turismo, ao nível de outros sectores, como a dos diamantes e dos petróleos, para que se torne real o potencial do turismo, e que o sector venha a provocar efeitos positivos na diminuição da taxa de câmbio, aumento da oferta de divisas e, concomitantemente, no aumento das reservas internacionais líquidas. Dar a conhecer o nosso país por dentro e, ao mesmo tempo, permitir que o sector tenha uma maior contribuição no PIB.

Portanto, (i) as vantagens não se limitam ao comércio local, rede hoteleira ou actividades relacionadas com as práticas religiosas, mas também ao desenvolvimento do mercado imobiliário, geração de emprego, resultando um impacto territorial, político, cultural e económico; (ii) melhoria das infraestruturas, serviços de restauração, criando uma oferta sustentável que corresponda a uma procura à medida, (iii) a função cuja relação é de procura-rendimento, dependa da fé, motivada pela religião, cultura, e de negócios; cujo foco vai para as localidades, como, por exemplo o Santuário da Muxima e o local histórico da Teofania, em Catete; (iv) ligação estreita num ecossistema entre os bancos, bolsa de valores, angel investor, patrocinadores transportes aéreos, terrestres e maríti podem resultar no benefício de todos, desde as famílias, empresas, sob o espírito de ganha-ganha (win-win), com grande contributo para o PIB, consumo privado, produção de bens e serviços diversos.

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