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Opinião

Monopólios

Editorial

Nesta edição também falamos da inflação descontrolada, em Luanda a taxa homóloga aproxima-se dos 40%. Será que não tem nada a ver com estas práticas restritivas e de benefício de um grupo limitado de operadores? Claro que tem! Todos sabemos, mas possivelmente nem todos estão em condição de o admitir.

Esta reportagem que apresentamos sobre a retenção das matérias-primas nas alfândegas, que custam milhões às empresas nacionais, por causa de documentos que não saem, de pedidos de isenção que demoram 30 dias, de circuitos burocráticos que acabam por pôr em causa pequenos produtores e industriais, favorecendo meia-dúzia de operadores que têm "melhores relações" com quem carimba as autorizações, num ciclo vicioso que alimenta os mais "gordos" e, definitivamente, distorce um ambiente de sã concorrência, está a limitar o desenvolvimento da produção nacional.

Caríssimos, sei que pode parecer uma heresia, mas começo a achar que sob o véu da "defesa de produção nacional", se estão a alimentar monopólios, como em tempos passados, que vão ter custos enormes para a nossa economia. Por muito que se goste de mega-projectos, os maiores de África como gostamos de verbalizar, para o bem comum é muito melhor e mais importante que existam mil empresas a facturar um milhão, do que uma a facturar mil milhões. Desde logo porque a existência de um mercado onde existe concorrência garante um maior controlo dos preços e qualidade na oferta, mas também porque não deixa o País na mão de meia-dúzia de pessoas.

Nesta edição também falamos da inflação descontrolada, em Luanda a taxa homóloga aproxima-se dos 40%. Será que não tem nada a ver com estas práticas restritivas e de benefício de um grupo limitado de operadores? Claro que tem! Todos sabemos, mas possivelmente nem todos estão em condição de o admitir. O ritmo do aumento dos preços nos produtos alimentares não tem nenhuma explicação lógica, a não ser que alguém consegue controlar a escassez da oferta, que os preços são marcadamente especulativos e que as entidades que deviam regular e controlar não conseguem fazer o seu trabalho. E porquê?

Ter sentido patriótico não é apenas cantar o hino nas cerimónias oficiais, é fazer de tudo para que todos os concidadãos tenham uma vida melhor e mais descansada. Que todos tenham as mesmas oportunidades, que todos possam ter acesso à riqueza em função da sua capacidade e do seu trabalho, sem que seja por decreto que se determine os que vão ter grandes empresas, alimentando-os de forma constante e regular, mesmo que não tenham já no cinto mais furos para segurar a barriga.

O bom senso pede-nos que nesta cruzada de defesa da produção nacional possamos trazer o máximo de operadores, independentemente dos interesses que já estão instalados. Vamos lá fazer um esforço para facilitar os empreendedores, não ter posturas arrogantes com os mais fracos e subservientes com os mais fortes. Vamos lá todos, inclusive a AGT, contribuir para o desenvolvimento económico da Nação.

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