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Opinião

Notícias do reino (V)

EDITORIAL

Neste reino onde existem poucas dúvidas, possivelmente se as houvesse teríamos mais discussão sobre coisas verdadeiramente importantes para o progresso e desenvolvimento e menos sobre as "carroças" onde nos deslocamos. Se tens uma XPTO a minha tem de ser melhor, se a minha é fumada a tua não pode ser, enfim, uma hierarquia social organizada por meios rolantes e não por conhecimento ou competência. Até porque a lógica das carroças pode ser implantada por quem é o dono das ditas, ou pelo menos tem capacidade para as comprar com o cofre que é de todos, mas dar ou tirar conhecimento e competência já é muito mais difícil.

Hoje trago-vos novamente notícias do reino distante em que a pobreza se transforma em riqueza na pena dos escribas, onde não existem problemas na verdade, onde a harmonia apenas é quebrada por uns quantos que teimam em não aceitar o lugar e a sina que os nobres lhes destinaram. "Queres, queres, se não queres vai-te embora", parece ser o lema dos ditos "iluminados" que assistem impávidos e serenos a uma multidão de jovens formados, quadros das mais diversas áreas, a rumarem para outros reinos sem sequer uma palavra sobre o assunto. Como se não estivesse a acontecer. Mas está!

O reino onde a imagem passada para o exterior parece ser o mais importante, com honrosas excepções de alguns regedores que ainda se misturam com o povo, assente num enorme castelo de ilusões e meias-verdades, de análises sempre demasiado desfasadas e optimistas para que se reconheçam erros e problemas sérios, o primeiro passo para alterar o quer que seja. Se o sonho é cor-de-rosa porquê mudá-lo, pensarão aqueles que circulam nos corredores dos palácios. Na verdade, visto de cima, a realidade é uma, dentro dela, a visão é um pouco mais turva.

Neste reino onde existem poucas dúvidas, possivelmente se as houvesse teríamos mais discussão sobre coisas verdadeiramente importantes para o progresso e desenvolvimento e menos sobre as "carroças" onde nos deslocamos. Se tens uma XPTO a minha tem de ser melhor, se a minha é fumada a tua não pode ser, enfim, uma hierarquia social organizada por meios rolantes e não por conhecimento ou competência. Até porque a lógica das carroças pode ser implantada por quem é o dono das ditas, ou pelo menos tem capacidade para as comprar com o cofre que é de todos, mas dar ou tirar conhecimento e competência já é muito mais difícil.

Apesar de todos estes pressupostos, o reino está hoje numa posição privilegiada junto dos povos mais poderosos, também o seu vizinho a Sul colocou-se demasiado perto dos hereges que querem alterar a ordem estabelecida, o que levou os ainda donos do planeta a procurarem outro aliado nestas paragens. Tem sido um namoro intenso, com idas e vindas, viagens e delegações, elogios e abraços. É, por isso, um momento muito importante para o reino, a possibilidade de aproveitar os recursos que estes querem pôr à sua disposição. Na sua grande maioria vão ter de ser pagos, mas isso é lá mais à frente, e na visão mais "umbiguista" de olhar para a vida, vão aproveitar agora que depois os seus netos entendem-se com os netos deles.

Mas a decisão mais importante é como vão aproveitar esses recursos. Se vão continuar a comprar coisas que os mais ricos têm só para mostrar o que valem, se vão consumir, consumir, consumir, ou se, pelo contrário, arranjam forma de aplicar bem esta oportunidade para gerar riqueza para todos. Para já, a grande maioria do povo no reino continua a viver muito mal. Mas isso também não é reportado pelos escribas do reino e, como tal, não existe...