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Opinião

Prefiro escolas do PIIM ao metro de superfície

Convidado

Um grande país faz-se com grandes sonhadores o que não é proibido, mas cada sonho com a medida do seu passo, principalmente quando se trata de uma lavra que não é privada, mas de todos. Desde o princípio, tudo se virou em torno do bem-estar do homem e nada feito com racionalidade deve ultrapassar, digo, ultrajar este princípio.

Citando A. Santos Justo, no seu livro de Introdução ao Estudo do Direito, 11ª Edição, onde faz um enquadramento do homem na envolvente cultural, construído pela sua inteligência e trabalho. "É constituído pelos seres humanos e bens que produzem para viverem e obterem melhores condições de vida. Caracteriza a vitória do homem na sua luta tenaz para se destacar do mundo natural, criando uma dualidade que o separa dos restantes seres", fim de citação.

Quão bom e agradável ter aqui, acolá, o nosso metro de superfície. Mas para quais utentes? Se estes não têm o poder de compra que pretendemos e não se vislumbra o reverso enquanto durar esta pandemia - o rumo à sexta recessão, o buraco no PIB por tapar com uma profundidade de -5,4%.

A 31 de Dezembro de 2020, a dívida interna e externa de Angola rondava os 69 mil milhões de USD, fechando o ano com um Rácio de Dívida Pública/PIB de 110%, e PIB estimado em 58,5 mil milhões de USD.

O Cinvestec-Centro de Estudos Económicos da Universidade Lusíada de Angola comparou algumas rubricas dos orçamentos da África do Sul e de Angola, concluindo que Angola dedicou 51% do seu orçamento ao sector social que inclui educação, saúde e protecção social, quando a África do Sul, fê-lo em 82%. Angola dedicou à educação somente 15%, enquanto que a África do Sul direccionou 22%. Assim não chegamos lá, e sobretudo quando assistimos que no ranking das universidades africanas, das 300 mais não consta nenhuma angolana. Detalhadamente, para educação 14,7% (Angola) e 21,8% (África do Sul); Habitação e Serviços Comunitários 4,1% (Angola) e 12,2% (África do Sul).

Valores que correspondem aos OGE Revisto de Angola de 2020 e OGE 2020/21 da África do Sul. Se invertermos este quadro, implicaria que o Estado angolano ao se comprometer numa PPP- Parceria Público Privada, por mais ínfima que seja a sua participação, não será aceitável, a julgar pela sua dívida interna e externa até ao final de 2020, estimada em 69 mil milhões de USD, logicamente não viável.

No sector dos transportes, temos casos bastante "flops", tais como a TAAG, TCUL, NAIL- -Novo Aeroporto Internacional de Luanda, os catamarãs, e agora o MSL- Metro de Superfície de Luanda, com morte anunciada antes do kick-off.

*Economista e docente universitário

(Leia o artigo integral na edição 634 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)