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Opinião

Terminou o longo distanciamento da inflação de Luanda

CONVIDADO

A actual crise inflacionária em Angola iniciou em Setembro de 2022, mas agravou-se desde Junho de 2023, com as taxas de inflação mensais de Luanda a distanciarem-se largamente das taxas das demais províncias, até recentemente, em Julho de 2024.

Na economia angolana, de vários factores que afectem a inflação, o principal é o petróleo, por ser o produto de maioríssima competitividade. Como é óbvio, o petróleo representa pouco mais de 95% das exportações, contendo baixíssima competitividade os outros produtos e os serviços.

Sendo assim, quando as receitas de exportação de petróleo diminuem, por quedas do preço ou da quantidade, o dólar torna-se escasso, o kwanza deprecia-se - a julgar melhor pela taxa de câmbio paralela - e a taxa de inflação aumenta, e vice-versa desde o início.

Entretanto, além da exportação de petróleo como principal factor inflacionário, determinadas decisões de política fiscal, cambial ou monetária têm causado ou agravado crises inflacionárias. As duas crises inflacionárias mais recentes foram causadas e agravadas por implementação de medidas de política fiscal:

01. A crise inflacionária que iniciou em Julho de 2019 e terminou em Dezembro de 2021 foi causada pelo Decreto Presidencial 23/19, de 14 de Janeiro, o qual condicionava a importação de determinados produtos, considerados essenciais, como tentativa de diminuição das importações no âmbito do PRODESI.

02. A actual crise inflacionária, que iniciou em Setembro de 2022, foi agravada pela redução dos subsídios de gasolina desde Junho de 2023 até Julho de 2024, como demonstra o gráfico.

Embora possa ter havido outros factores a agravarem a actual crise de inflação, há factos que reforçam a preponderância da redução dos subsídios de gasolina. Esta medida foi surpreendentemente aplicada em Junho de 2023 e a taxa de inflação mensal começou a elevar-se intensamente no mesmo mês, acelerando-se em Junho, Julho e Agosto, e moderando-se em altos níveis de Setembro de 2023 a Abril de 2024.

Por fim, em Maio, Junho e Julho de 2024, a taxa de inflação mensal caiu com a intensidade com que se tinha elevado em meados de 2023. Ora, a taxa de inflação aumenta intensamente apenas significando ajustamento dos preços dos produtos aos elevados custos de combustível. Finalmente, considerados ajustados os preços, isto significa que os operadores pararem de aumentar tão intensamente os seus preços, o que implica descida rápida da taxa inflação, o que ocorreu recentemente, em Maio, Junho e Julho.

Tendo sido justificado o recente salto da inflação pela preponderância da redução dos subsídios da gasolina, a mesma serve para uma análise justificativa das altamente elevadas taxas de inflação na província de Luanda.

As taxas mensais de inflação de Luanda foram consideravelmente mais altas do que as taxas das demais províncias, de Junho de 2023 a Julho de 2024. Tratando- -se do mesmo período durante o qual a redução dos subsídios da gasolina agravou a crise inflacionária, foi precisamente esta medida, a que causou o longo distanciamento da inflação de Luanda, em relação às demais províncias.

Uma hipótese causal do distanciamento da inflação de Luanda pode ser a de que, nesta província, onde a tecnologia é mais avançada, os negócios dependem mais de automóveis e outros aparelhos do que nas demais províncias.

Outras hipóteses podem ser as falhas que houve no processo de cedência de cartões de subsídios de gasolina, tendo isto afectado mais os negócios de transporte de Luanda.

Considerando hipóteses causais relacionadas com a redução dos subsídios de gasolina, o consequente aumento dos preços de transporte propaga-se a outros negócios, principalmente aos de alimentos e aos de bebidas. Estes produtos são classificados pelo Instituto Nacional de Estatística, para os apuramentos de inflação, em "01. Alimentos e bebidas não alcoólicas", classe cujo ponderador no IPC e na inflação de Angola é de 55,67%.

Seja qual for a causa do distanciamento da inflação de Luanda, A taxa de inflação da província de Luanda contribui com 44,15% na taxa de Angola, enquanto as outras 17 províncias contribuem com muito pequenas porções, o que em muitas análises torna-se mais prática pela regionalização dual da inflação de Angola.

Para tal, unem-se as taxas mensais de inflação das demais províncias, calculando a média ponderada com base na seguinte fórmula:

Leia o artigo integral na edição 792 do Expansão, de sexta-feira, dia 06 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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