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Universidade

Acordo entre universidades e grupo de empresas não sai do "papel"

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS À ESPERA DO ESTÁGIO PROFISSIONAL

O acordo de estágios profissionais para estudantes universitários estava para ser implementado, em 2021, mas de lá para cá nada avançou, ficando apenas as assinaturas no papel da Associação das Instituições do Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA) e do Grupo Técnico Empresarial (GTE).

Três anos depois da assinatura do protocolo entre a Associação das Instituições do Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA) e o Grupo Técnico Empresarial (GTE), com objectivo de inserir técnicos nacionais no mercado de trabalho e na criação de estágios profissionais nas empresas que integram o GTE, o acordo continua no papel sem que seja aplicado.

De acordo com José Fazenda, presidente da Associação das Instituições do Ensino Superior Privado Angolano (AIESPA), depois do 7.º fórum sobre a "Parceria Universidade-Empresa, Perspectivas e Reflexões em Torno da Mudança do Paradigma Académico", celebrada em 2021 e da qual resultou o acordo assinado, nada avançou, porque os grupos não trabalharam para a materialização do projecto.

"O grupo técnico é composto maioritariamente por pessoas ligadas às empresas e, então, a agenda deles é que está um pouco complicada. Só foi assinado o acordo e não se fez mais nada. Mas do nosso lado está tudo virado para que o acordo seja uma realidade na vida dos estudantes", afirmou.

O também académico sublinhou que a associação avançou com a assinatura do acordo dada a sua grande importância, uma vez que os estudantes nas universidades recebem a componente teórico e o estágio dá a vertente prática e habilita o estudante para, tão logo termine, esteja em condições de ingressar com mais autonomia no mercado de trabalho.

"Sem essa componente fica inibido o conhecimento teórico que os estudantes recebem, daí a razão da AIESPA propor o acordo, porque nós, que estamos nas instituições, sabemos o quanto vale este aspecto e, se por acaso não se efectiva, deixamos os estudantes numa situação complicado por causa desta componente", explicou José Fazenda. O presidente da AIESPA acrescenta que a conjuntura económica também não ajuda porque coloca as empresas um pouco retraídas e muitas delas estão a viver um momento de aperto.

"Não se pode perder a esperança, pois as coisas são mesmo assim, então vamos todos batendo na tecla até que alcancemos os nossos objectivos. Portanto, tudo começa e então tem a sua fase de maturação, porque, às vezes, as empresas podem não se rever bem no acordo e precisamos afinar alguns mecanismos".

Da parte do Grupo Técnico Empresarial (GTE) estão a ser feitos trabalhos internos e assim que tudo estiver alinhado será comunicado. Por enquanto, não pode adiantar muita coisa.

O GTE inclui mais de 20 associações empresariais, seis consultores de algumas especialidades e um coordenador.

Recorde-se que Laurindo Viagem, secretário-geral da Universidade Católica de Angola, pediu a presença do Governo porque noutros países o estágio profissional é facilitado pelo facto de as empresas acederem a benefícios fiscais. Laurindo Viagem sublinhou que "só falta" implementar os acordos com o GTE para que os estudantes possam beneficiar da oportunidade.

Apesar destes protocolos para a criação de estágios, vários académicos defendem que se deve apostar mais nesta vertente, porque muitos alunos terminam a formação superior sem a realização de estágios profissionais e a falta desta experiência tem um peso significativo na busca pelo primeiro emprego. "O estágio profissional em Angola é uma questão embrionária. Cada universidade vai fazendo o que pode", explica Laurindo Viagem.

Questionado sobre o número de estudantes que está em estágio profissional, o também membro da AIESPA disse que não há informação de quantas universidades têm estudantes a estagiar e quantos foram empregados, porque as informações estão dispersas, ou seja, não há estatísticas.

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