MESCTI não divulga estatísticas sobre formação no ensino superior há 3 anos
O ministério da tutela reconhece o atraso na divulgação dos anuários estatísticos e aponta a entrega tardia de dados por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) como uma das causas. Fonte do MESCTI garante que estatísticas em falta serão divulgadas em Janeiro de 2026.
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) não publica o anuário estatístico desde 2022, um documento que mostra o ambiente universitário e o seu desenvolvimento em cada ano, bem como ajuda os investigadores a explorar os dados para que haja um melhor suporte na elaboração de políticas. Há três anos que o País oficialmente não "sabe" quantos estudantes foram formados, a nível de graduação, pós-graduação e em que cursos, o quadro dos recursos humanos do ensino superior, a percentagem de docentes com mestrado e doutoramento, o número de técnicos administrativos, entre outras questões a que o anuário dá resposta. Repete-se, assim, um cenário que já aconteceu entre 2020 e 2022, quando se registou três anos sem informações estatísticas. O mesmo volta a acontecer no triénio 2023-2025, o que retira utilidade ao anuário. O MESCTI reconhece o atraso na divulgação dos anuários estatísticos e aponta a entrega tardia de dados por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) como uma das causas da não publicação do documento, que deve ser elaborado anualmente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Ao Expansão, o director do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatísticas (GEPE), do MESCTI, Lukonda Bau Nzuzi, revelou que os anuários estatísticos de 2022-2023 e 2023-2024 já se encontram concluídos e aguardam avaliação do INE para serem oficialmente publicados. "A publicação do anuário é um processo que obedece às informações entregues pelas instituições de ensino superior, privadas e públicas. Só para ter uma ideia, neste momento, das 106 instituições legais, 104 estão operacionais e apenas 40% a 50% delas entregam os dados estatísticos no prazo estabelecido, entre Outubro e Dezembro. Já estão concluídos os anuários de 22-23 e 23-24. Só vai nos faltar o de 24-25, aguardamos os dados dos graduados", explica Lukonda Bau Nzuzi, que garantiu a divulgação dos documentos, que se encontram em atraso, em Janeiro de 2026. Já o director do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada Angola (CINVESTEC), Heitor Carvalho, defende que não devia ser permitido ao ministério da tutela fazer as estatísticas devido aos interesses que tem no sector e que devia haver, por parte do INE, um inquérito mensal ou trimestral com os dados estatísticos para evitar atrasos na divulgação de informação, permitindo assim a apresentação de informações a curto prazo. "É mau que não haja essa divulgação dos dados estatísticos a tempo. Uma das formas de suprir isso seria o INE fazer os inquéritos e isso, de alguma maneira, obrigaria o Ministério do Ensino Superior a fornecer os dados de uma forma mais exigente, por um lado, e, por outro lado, também mais organizada, porque quem percebe estatística é que deve fazer a recolha da informação que é relevante", esclarece Heitor Carvalho.
Falta de estatísticas atira Angola para últimos lugares
Segundo o relatório do Instituto Europeu de Administração de empresas (INSEAD) e do Instituto Portulans, que apresenta o Índice Global de Competitividade de Talentos (IGCT) de 2025, Angola ocupa a posição 126.º num universo de 135 países com 24,35 pontos, numa pontuação que vai de 0 a 100. Este índice avalia os países com base numa série de parâmetros, como a eficácia das políticas públicas de recursos humanos, o ambiente regulatório, o acesso à internet nas instituições de ensino, o investimento em pesquisa e desenvolvimento, a percentagem de estudantes estrangeiros no sistema educativo, o rácio remuneração e produtividade, entre outros. As piores avaliações de Angola neste índice são precisamente no ensino superior, onde não existem dados sobre a atracção de estudantes internacionais no País e sobre os gastos no ensino superior. No que toca ao acesso a formação universitária, Angola conta com uma pontuação de 4,5, o que atira o País para a 118.ª posição entre 135 países. Já no indicador ranking das universidades Angola registou 0,0 na pontuação e ocupa a posição 79 entre os 135 países analisados pelo Índice Global de Competitividade de Talentos (IGCT) de 2025. Recorde-se que os últimos dados estatísticos do ensino superior fazem referência ao ano 2021- -2022 e foram publicados oficialmente em Fevereiro de 2025.
Edição 857 do Expansão, sexta-feira, dia 18 de Dezembro de 2025











