"A arte africana tem um enorme potencial de apreciação internacional"
Casal decidiu criar a Afrikanizm Art para fomentar a arte contemporânea que se faz em África, uma forma de contribuir para uma maior presença a nível internacional e acreditam que o actual momento económico pode trazer uma fonte de receita adicional em moeda estrangeira.
Como surgiu a ideia da plataforma Afrikanizm Art?
Nasceu de duas grandes paixões, a arte e o querer criar impacto, querer contribuir de alguma forma para o desenvolvimento do meu País. É uma história que começa apenas com alguns artistas angolanos, num projecto part-time, de fim-de- -semana, enquanto perseguíamos as nossas carreiras até ao projecto que conhecem hoje, com mais de 130 artistas em 16 países africanos.
Como é que a startup foi recebida pela classe artística?
Muito bem, na verdade! Acho que a comunidade que construímos até à data é a melhor prova disso. Claro que existem desafios associados à notoriedade da marca Afrikanizm Art, até porque temos apenas dois anos de existência, mas a consistência e complementaridade de canais que desenvolvemos criam um argumento de atractividade relevante para os artistas.
Para quem é que está direccionada: emergentes ou consagrados?
Para ambos. Tem sido um caminho interessante perceber que até os mais consagrados reconhecem o nosso trabalho e têm- -se juntado a nós nesta missão.
Os artistas entram e saem quando têm obras disponíveis ou são obrigados, por contrato, a permanecer com a Afrikanizm Art?
Nós trabalhamos no sentido de criar oportunidades e valorização para o artista sem comprometer a liberdade dos mesmos, de fazerem escolhas para o desenvolvimento das suas carreiras.
É uma forma de desafio?
O que temos sentido é uma vontade de cada vez mais apresentarem propostas criativas e colaborarem de forma mais intensa connosco. Creio que se identificam com a forma como conduzimos o negócio. Isso é visível pela taxa de retenção de 100% que temos dos artistas que colaboram connosco.
Como é que seleccionam os artistas que fazem parte da plataforma?
Em primeiro lugar, a nossa equipa faz uma pesquisa profunda sobre quem são os artistas que mais se adequam à tipologia e requisitos do nosso cliente. O segundo parâmetro e não menos importante é, sem dúvida, o track record e o terem passado por um crivo profissional, como é o caso de curadores, galeristas ou participações em bienais. Desta forma, sabemos de imediato que os artistas têm a qualidade que procuramos para competir nos mercados internacionais.
A partir de que país compram mais obras através da plataforma?
Em primeiro lugar, Portugal, seguido de Angola e depois Estados Unidos. Os resultados aparecem nesta ordem porque estão associados de forma bastante condicional à nossa estratégia de crescimento sustentável, no entanto, os indicadores que temos é que esta ordem poderá ter novos mercados a surgir com maior índice de crescimento.
Que técnica é a mais escolhida entre os compradores?
Maioritariamente pintura sobre tela mas, mais uma vez, este resultado também é condicionado pelo portefólio disponível. No entanto, estamos curiosos para ver a performance com a introdução de novas categorias como a fotografia e a escultura.
O mercado angolano já investe em arte?
Como referido anteriormente, é um dos mercados mais importantes para nós. Existe uma grande valorização no nosso País pela arte e no apoio à classe dos artistas. No entanto, também vemos surgir, cada vez mais, novos coleccionadores.
(Leia o artigo integral na edição 735 do Expansão, de sexta-feira, dia 28 de Julho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)