"Não quero que olhem para nós só como humoristas que têm muita piada, mas que também têm knowledge"
Tem mais de uma década de carreira e está com os horizontes virados para a sua internacionalização. O humorista está também comprometido em levar outras linhas de pensamento para as suas actuações. Garante que a nova geração vem forte e que o País tem muita matéria-prima.
Com 13 anos de carreira, qual é o balanço que faz?
É um balanço, até agora, quase todo positivo. Não digo que é totalmente positivo, porque ainda há muito que andar, há muito que conquistar dentro daquilo que são as minhas metas e sonhos. E quais são as suas metas e sonhos? Internacionalizar a minha carreira. E, do lado pessoal, ter algumas questões resolvidas, assim como uma reforma confortável.
Então, ainda há muito que trabalhar. Acha que o humor vai-lhe garantir uma reforma confortável?
Não acho, tenho a certeza.
Também sonha ser empresário ou estar ligado ao negócio...
Já faço. Na verdade, não tinha noção. E, graças a uma conversa que tive com o Cef, ajudou-me a olhar desta forma, que é: eu quase nunca disse que seria capaz de viver da arte que faço. Mas, na verdade vivo sim. Depois de ouvir o Cef, percebi que todas as outras coisas que eu faço fora do humor estão adjacentes à imagem que eu construí do Kotingo. Então, sim, vivo do humor e isso vai dar-me uma boa reforma.
Falou em internacionalizar a sua carreira. Por onde é que vai começar?
Já tenho feito. No princípio de um projecto profissional ou pessoal, parece que não estamos a fazer nada. Por isso é que nós hoje vivemos em função do que fizemos ou não fizemos há cinco anos. Logo, quero dizer que daqui a cinco ou 10 anos é que vou estar a viver os resultados de tudo o que fiz ao longo deste período. Vou a Portugal. Já apresentei a nona gala da Superbrands Angola. E depois, em função da prestação deste trabalho, fui convidado a apresentar a 20ª edição, ou 19ª edição da Superbrands Portugal. Eu olho para estes eventos como uma oportunidade de internacionalizar a minha carreira.
E o que tem feito para se internacionalizar?
A verdade é que eu tenho-me esforçado bastante. Estudo um bocadinho mais para ter bagagem e com isso dar uma qualidade diferente ao meu trabalho. Tenho estado em Portugal. Estou a fazer algumas coisas, embora pequenas, e é mesmo do pequeno que se começa. Não tenho pressa. E depois, aos 40 anos, comecei a olhar para a vida de forma diferente, com mais paciência. Então, o importante é que eu não esteja parado. Não estou aqui para impressionar ninguém, mas sim para dar bons resultados àquilo que é o meu trabalho. É o meu objectivo como pai e como profissional.
Acha que Portugal é uma porta para quem pensa em internacionalizar uma carreira?
Para angolanos, digo que sim, mas não é a única porta. E isto é subjetivo, porque Portugal pode ser para mim uma porta para outros mercados e para outros artistas, não, pode existir um outro país. E também sabemos das limitações que a língua portuguesa tem. Se olharmos para os fazedores de arte que usam a língua portuguesa como meio de comunicação não têm grande expansão pelo mundo afora. Então, é mesmo aqui a necessidade de fazer línguas, em função dos mercados que pretendo penetrar.
É um processo...
Mas antes disso, quando a internacionalização começou a fazer parte dos meus planos, sempre quis fazer bem. Conhecer bem o meu trabalho. As técnicas, o tipo de conteúdo, o que devo ler e avançar d pois de estar mesmo "craque". Porque o humor não é assim tão raso como se pensa, o stand up, principalmente. E já estou muito perto disto. E, num futuro breve, começo a fazer as línguas que eu quero.
Estamos a falar de que línguas, concretamente?
É mais inglês e francês. Para os mercados onde quero penetrar.
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