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"O teatro molda-nos e dá-nos oportunidade de ter um futuro diferente"

SOFIA BUCO | ACTRIZ

Tudo começou nos palcos, hoje é vista nas televisões e ouvida através da rádio. A detentora da produtora Bucos Produções defende que o teatro deveria constar no plano curricular do ensino geral. No dia 3 de Novembro, a produtora levará ao palco do CCB a história de seis prisioneiras.

A peça "Hotel Komarka Ala Feminina" retratará a vivência de prisioneiras da Comarca de Viana. O que a motivou a escrever essa peça?

A versão do "Hotel Komarka Ala Feminina", que será representada no dia 3 de Novembro, no Centro de Conferências de Belas (CCB), é uma colaboração entre a Buco"sproduções e o dramaturgo angolano Flávio Ferrão. Trata-se de uma versão que ele já teria feito, sendo uma oportunidade de escrever a história das mulheres, pois, há muitos anos, que ele vem sendo cobrado e suscitado por algumas actrizes do grupo. Mas, claramente, quem deu a ideia a partir do título fui eu, Naed Branco e a Marisa Octávio. Assim, 18 anos depois de ter escrito o "Hotel Komarka", aproveitamos para analisar cuidadosamente a vida da mulher carcerária, o antes e o depois e com que mentalidade elas saem da prisão. Entrevistámos as próprias detentas com autorização e apoio do Ministério do Interior e concluímos uma obra de teatro digna de estudo, de apreciação de advogados, sociólogos, políticos, estudantes e público em geral, pois a mulher pode ser mais surpreendente na forma como lida com o erro que a levou para onde está.

Que vivências das prisioneiras o grupo levará para o palco?

As vivências que a Produtora Buco"sproduções levará para o palco são o dia-a-dia das mulheres presas. Como vivem, onde dormem, o que comem. Com a peça, pretendemos retratar a vida delas de forma artística, o caminho que as levaram a cometer os crimes. O que pensam sobre o futuro, como elas vêem o sistema judicial angolano, como viverão e como vão encarar as pessoas que elas decepcionaram, os medos, receios, o que aprenderam, o controle emocional que deve ser controlado em momentos de tensão. Vamos também chamar a atenção para o tráfico internacional de drogas, entre outros temas. São vivências reais contadas na primeira pessoa.

Quantas mulheres foram entrevistadas?

Entrevistámos seis mulheres que serão interpretadas por seis actrizes.

Qual é a vossa expectativa?

As nossas expectativas são as melhores. Pretendemos levar ao palco um espectáculo digno de um óscar, estrelado por artistas nacionais de mais alta qualidade no mercado nacional, pois temos um elenco muito bem equilibrado e preparado para fazer o melhor.

Algumas artes permitem ser executadas em palcos improvisados. E no teatro, há essa possibilidade?

O teatro é a arte mais completa, onde podemos incluir absolutamente tudo. Para o teatro não há nada impossível, por isso, os artistas são tidos como sonhadores.

Fala-se da ausência de salas de teatro no País, sobretudo em Luanda. O CCB é uma alternativa? Em termos de custos, quanto custa?

Sim, temos carência de salas e ausência das que tínhamos. O valor para fazer um espectáculo no CCB é realmente alto, mas quem quer qualidade terá de fazer de tudo para estar neste palco, o valor está à volta de 4 milhões Kz.

Os preços dos ingressos são compatíveis face às despesas?

Os preços dos bilhetes são definidos exactamente por causa do valor da sala, que faz com que o orçamento seja muito dispendioso.

O angolano consume muito teatro?

A nossa maior alegria e o maior prémio está exactamente no público, que, graças a Deus, ama o teatro e apoia de forma incondicional.

Pensam em levar "Hotel Komarka Ala Feminina" para as outras províncias do País? Se sim, quais são as próximas províncias?

Queremos muito levar o "Hotel Komarka Ala Feminina" para outros pontos do País, sim. Só precisamos encontrar alguns parceiros que nos possam levar até às outras províncias, como Benguela, Namibe, Cabinda, Huíla, Uíge, Huambo e outros pontos do País. As actrizes estão expectantes.

Para si, o teatro é uma actividade vital?

É extremamente vital, não vivo sem o teatro. É o meu propósito de vida. O teatro tirou-me da depressão. Hoje sou mais feliz, graças ao propósito que Deus me deu, que é fazer teatro.

Sempre fez parte de si, sonhou em ser actriz?

Nunca sonhei fazer teatro, nem produzir, muito menos ser actriz. Mas, aos 14 anos, fui por incentivo da minha mãe.

E também é apresentadora de rádio e TV. Como concilia essas facetas?

Tenho essas e outras facetas, não é fácil, acabo por não ter muito tempo, é a razão que me impossibilita de ter outras agendas, mas eu amo fazer teatro, televisão e rádio, sou feliz desse jeito.

Leia o artigo integral na edição 798 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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