Administração de Viana encerrou o mercado informal da Estalagem Km 12
Duas semanas depois do Expansão ter publicado a reportagem sobre as condições degradantes do funcionamento do mercado da Estalagem Km 12-A, a administração municipal procedeu ao seu encerramento e começou a limpar a zona, que vai agora ganhar uma nova imagem.
A Administração Municipal de Viana encerrou o mercado da Estalagem Km12-A na passada sexta-feira dia 24 de Janeiro, devido ao acumular de lixo no local, encaminhando as vendedoras para o mercado dos Chineses. Uma operação que contou com a presença de fiscais municipais, efectivos das forças policiais, tractores e caminhões que iniciaram a recolha dos resíduos sólidos.
O director de Fiscalização e Inspecção das Actividades Económicas e Segurança Alimentar do município de Viana, João Augusto, disse que as intervenções estão a ser feitas devido ao surto de cólera que o País enfrenta há quatro semanas e porque o GPL tem um projecto de vedação do local. No meio de toda a confusão que se gerou com esta situação, João Augusto lamentou o fato de as vendedoras resistirem à transferência para o mercado dos Chineses e advertiu-as sobre o surto de cólera que está a matar muitas pessoas em Luanda.
No sábado e domingo, dias 25 e 26, como as forças policiais não estiveram presentes, as vendedoras voltaram ao local, o que obrigou as autoridades a reforçarem as medidas desde o início desta semana, sendo que na quarta-feira, dia 29, o Expansão esteve no local e pôde constatar que este se encontra em processo de limpeza e que as vendedoras não estão a vender.
Telma Dinis, vendedora de fuba de milho do mercado da Estalagem Km12-A, apresentou à reportagem do Expansão o seu descontentamento pela forma como foram interpeladas pela Direcção Municipal de Viana. "Como pode ser possível encerrarem o mercado sem nenhum comunicado prévio? Agora, onde vamos vender, como vamos sustentar os nossos filhos?", pergunta.
"Só vendemos aqui porque já não temos mais lugar para vender. O GPL não disponibilizou mercados para nós e agora vêm encerrar o mercado sem nos dizerem nada", desabafou outra vendedora, Helena Pedro, que comercializa legumes.
A Direcção Municipal de Fiscalização e Inspecção das Actividades Económicas e Segurança Alimentar de Viana desmente todas estas queixas, lembrando que há uma infraestrutura nova, equipada e disponível a menos de 1 Km, o mercado dos Chineses, com capacidade para acolher 3.000 vendedoras que se encontra "às moscas". As vendedoras respondem que é longe, as pessoas não têm o hábito de lá comprar e existe escassez de clientes no novo mercado".
O Expansão fez uma visita ao mercado dos Chineses, que está a cerca de um quilometro da praça da Estalagem KM 12-A, e constatou que este está praticamente vazio. Em termos práticos, o mercado tem a capacidade de acolher todas as vendedoras que estão a vender na praça do Km12-A em condições precárias. Foi possível confirmar que no interior do mercado dos Chineses há 105 vendedoras a comercializarem os seus produtos, faltando assim 2.895 comerciantes para preencherem os lugares vazios. O Mercado dos Chineses existe há 12 anos e nunca teve um número superior de 200 pessoas a vender naquele local.
O administrador adjunto do mercado dos Chineses, Avelino Gomes, disse à nossa reportagem que muitas vendedoras preferem vender em lugares impróprios devido à "cunha" que têm dos fiscais. "As vendedoras nunca optarão por vender no interior dos mercados, se os fiscais não pararem de pedir gasosa as comerciantes", desabafou Avelino Gomes, reconhecendo o problema que existe em muitos mercados da cidade.
Se por um lado são os fiscais do GPL que têm a responsabilidade de garantir que a venda não se faça em locais impróprios, por outro, retiram benefícios financeiros pela manutenção da situação. Ou seja, tem que ser estrutura central da província a disciplinar e a punir os seus fiscais para estes cumpram com a sua função.
Numa auscultação rápida no local, o Expansão apurou que a população local apoia a atitude da administração municipal de Viana e pede às vendedoras a irem para o mercado dos Chineses, pois as pessoas estão dispostas a fazer compras onde elas forem colocadas. Adão Pedro, morador da Estalagem há mais de 20 anos, diz que os "montes de lixo" no mercado do Km 12-A tem causado várias doenças às pessoas da zona ao longo dos anos.
Leia o artigo integral na edição 811 do Expansão, de sexta-feira, dia 31 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)