Dinheiro para startups cai 7% em 2024, para 3,2 mil milhões USD
A retracção no financiamento afectou sobretudo os empréstimos às startups, que representam quase um terço do total dos fundos angariados em 2024. O aumento das taxas de juro e a pressão sobre as moedas locais representam um aumento dos custos de reembolso e "um fardo adicional" para as startups africanas.
As startups africanas angariaram, no ano passado, 3,2 mil milhões USD em capital de risco e dívida, em 534 negócios, revelam os dados do último relatório da empresa de capital de risco Partech Africa. O ecossistema registou uma queda de 7% no financiamento total e uma diminuição de 2% no número de negócios financiados, em relação a 2023, queda que afectou sobretudo os financiamentos por endividamento, com as taxas de juro e a depreciação das moedas locais a pesar nos encargos no cumprimento do serviço da dívida.
"Estes números mostram uma estabilização após queda acentuada em 2023 (-46% no financiamento e -28% na actividade). Embora o sector não tenha regressado à trajectória de crescimento, o ecossistema tecnológico africano está a sair-se relativamente bem em comparação com outras tendências do mercado global", conclui o relatório da Partech Africa.
Com o título «Africa Tech Venture Capital 2024», o relatório mostra que África "teve um desempenho relativamente bom em termos de actividade de capital de risco" e que a retracção no financiamento afectou sobretudo os empréstimos, com uma queda de 17%, justificada com o aumento das taxas de juro e o fortalecimento do dólar americano em relação às moedas africanas. Como a maior parte da dívida disponível continua a ser em moeda estrangeira, estes factores agravaram o custo dos empréstimos e fizeram crescer os encargos dos reembolsos, o que representa um "fardo adicional" para as startups africanas.
Ao todo, o financiamento concedido em 2024, com o recurso à dívida, desceu para os mil milhões USD, enquanto o financiamento, através de capital de risco, manteve-se estável nos 2,2 mil milhões USD, igualando os números de 2023. Já o número de negócios sofreu uma pequena queda de 2%, passando de 547 em 2023 para 534 em 2024.
"Depois de um arranque promissor no primeiro semestre do ano, com o primeiro e segundo trimestres a apresentarem um crescimento na contagem de negócios, o primeiro ganho de actividade desde a crise, o ritmo voltou a abrandar no segundo semestre. Embora alguns meganegócios em Fintech tenham ajudado a estabilizar o mercado, o terceiro e quarto trimestres registaram um declínio notável na contagem de negócios", refere a Partech Africa, que regista um estreitamento nos fluxos de negócio, nas fases de arranque e de consolidação, para a qual não arrisca uma justificação definitiva.
Por países, Nigéria liderou com 103 acordos, no montante de 520 milhões USD (um crescimento de 11%); seguido de África do Sul, com 67 negócios e 459 milhões USD (-16%) e o Egipto, com 89 acordos e 297 milhões USD (-31%). Angola conseguiu um acordo de financiamento, no montante de 1 milhão USD.
Ao todo, startups de 24 países conseguiram financiamentos em 2024. Além dos países que integram o top 10 (ver infografia) conseguiram financiamento a Tunísia (11 acordos, no valor de 24 milhões USD), Camarões (3, de 14 milhões USD), Namíbia (1, de 11 milhões USD), Etiópia (4, de 10 milhões USD), Uganda (13, de 8 milhões USD), Congo (2, de 8 milhões USD), Sudão (1, de 5 milhões USD), Argélia (2, de 4 milhões USD), Somália (1, de 3 milhões USD), Zimbabué (2, de 2 milhões USD), RDC (1, de 2 milhões USD), Zâmbia (1, de 1 milhão USD), Angola (1, de 1 milhão USD) e Seicheles (1, de 200 mil USD).
Aumento impulsionado pela IA
Segundo a empresa, "o panorama do capital de risco africano continua a ser resiliente", reflectindo as tendências globais, "embora África ainda não tenha experimentado o aumento impulsionado pela IA, que está a impulsionar 30% do volume nos mercados globais".
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