"Novo" porto do Namibe tem as obras quase prontas e será inaugurado ainda este ano
Esta fase contempla o alargamento e modernização do Porto Comercial e Mineraleiro do Sacomar e a construção do novo terminal de contentores, executado pelo consórcio Toyota Tsusho com um custo de 600 milhões USD.
A primeira fase da construção da nova ponte cais do Terminal Mineraleiro do Sacomar tem 520 metros de comprimento e 18 metros de largura, e uma capacidade de atracagem de embarcações até 250.000 DWT, com capacidade máxima estimada de movimentação até 10 milhões toneladas/ano. As obras da infra-estrutura apresentam uma execução física na ordem dos 77 % e prevendo-se a entrega da empreitada até Agosto do ano em curso, bem como a realização de ensaios de funcionamento nos meses de Setembro, Outubro e Novembro.
Já o novo terminal de contentores vai acrescentar a capacidade do embarque e desembarque das mercadorias da região, beneficiando o terminal polivalente que actualmente apresenta sobrecarga. Como se sabe, hoje grande parte da mercadoria movimentada no porto do Namibe são minérios em blocos, sendo que este terminal abre a possibilidade de diversificar as mercadorias que entram e saem desta infraestrutura.
No âmbito da visita que fez a semana passada ao local, o ministro Ricardo Viegas D"Abreu garantiu que depois de concluído este projecto de modernização e ampliação, o porto do Namibe terá uma capacidade equivalente aos dos outros dois portos nacionais, Luanda e Lobito, abrindo o corredor logístico Sul, que terá uma importância significativa no aumento do comércio com os países vizinhos, Zâmbia, Namíbia e Botsuana.
Para consolidar este corredor logístico, serão necessários investimentos avultados na modernização e ampliação da linha de caminho de ferro de Moçâmedes, que tem hoje 860 Km entre a cidade de Namibe e a cidade de Menongue, no Cuando Cubango, com passagem pela cidade do Lubango. Está também previsto que a médio prazo, se possa fazer a ligação ferroviária ao Corredor do Lobito, ampliando assim as potencialidades deste corredor logístico.
Em termos estratégicos, a opção é fazer um segundo corredor logístico a Sul, estando nesta altura em preparação as condições necessárias para que se possa lançar um concurso de concessão e gestão que vai integrar as infraestruturas ferroviárias e portuárias, à semelhança do que aconteceu com o corredor do Lobito.
Porto com 68 anos
O porto de Moçâmedes, como se chamava no tempo colonial, foi inaugurado em 1957, uma obra da engenharia portuguesa, na altura já com o apoio de know how japonês, que tinha como objectivo fundamental a exportação de ferro e manganês que era extraído da província da Huíla, e posteriormente o ferro de Cassinga. Mas foi também fundamental para o desenvolvimento da indústria mineira na província de Moçâmedes, nomeadamente granito e mármore, que hoje têm uma dimensão importante na economia da região.
Entre 1975 e 2002 enquanto durou a guerra civil no País, manteve-se em funcionamento, mas não teve praticamente nenhum investimento, o que obrigou posteriormente a um plano de modernização intensa, de forma a restituir-lhe a importância que tinha no passado. Em 2018, foi anunciado um plano de reabilitação e expansão do Porto do Namibe, com o objectivo de aumentar sua capacidade de movimentação de carga e atrair mais navios, sendo que a China se assumiu como o principal financiador, tendo o governo angolano assinado um acordo de financiamento com o Banco de Desenvolvimento da China e execução das obras pela empresa chinesa China Harbour Engineering Company (CHEC).
Em 2019 a empresa japonesa Toyota Tsusho Corporation assinou um contrato para o desenvolvimento de um projecto no Porto do Namibe, avaliado em cerca de 646 milhões de dólares. Este investimento visa a recuperação e modernização das infraestruturas portuárias, sendo que a primeira fase ficará então concluída este ano.