Petrobras negoceia entrada no petróleo angolano
A empresa estatal brasileira de petróleos, Petrobras, está a negociar a compra de participações em activos de petróleo em África, com foco em Angola, Namíbia e África do Sul, para aumentar as reservas diante da expectativa de queda na produção após 2030. A informação foi confirmada esta semana, à Reuters, pela directora de exploração e produção da companhia, Sylvia dos Anjos, durante a conferência India Energy Week, que decorreu naquele país asiático.
A Petrobras está a negociar com empresas como ExxonMobil, Shell e TotalEnergies, suas parceiras no Brasil, para a compra de activos nessas regiões.
"Em nosso portfólio, faz mais sentido. É económico. Eles são nossos parceiros no Brasil, então é fácil ir a algum lugar com eles. Portanto, é natural", afirmou Sylvia dos Anjos.
A procura por novas participações em África faz parte da estratégia da petrolífera brasileira para garantir uma maior base de reservas, após o aumento nas estimativas de reservas comprovadas de petróleo, condensado e gás natural, que passaram para 11,4 biliões de barris de petróleo em 2024, comparativamente aos 10,9 biliões registados em 2023. Em Janeiro, o Expansão avançou o interesse da Petrobras no petróleo angolano, depois da empresa brasileira retomar actividade em São Tomé e Príncipe em 2023.
"A companhia analisa constantemente oportunidades em novas áreas que sejam estratégicas para a recomposição de reservas e rentáveis", declarou a estatal brasileira à Lusa, a propósito de um evento para promover parcerias que impulsionem a colaboração entre empre sas brasileiras e africanas, que aconteceu no Rio de Janeiro. Dessa forma, acrescentou, "está atenta às oportunidades" nas "bacias da margem atlântica de África, entre elas Angola".
As bacias de África, referiu, são do interesse da companhia por terem semelhanças técnicas e geológicas com bacias brasileiras, como a de Campos, a de Santos e a de Pelotas. Angola e Brasil partilham similaridades geológicas. Os dois países já foram conectados, levando a bacias ricas em petróleo comparáveis em ambos os lados do Atlântico.
Em 2023, o então embaixador brasileiro no nosso País, Rafael Vidal, avançou que a cooperação bilateral entre Angola e o Brasil teve um crescimento de 1,5 biliões de dólares. "Voltámos a ter índices de comércio bilateral crescente. Recuperámos patamares de 1,5 mil milhões USD e prevemos que até ao final de 2024 consigamos atingir os 10 mil milhões USD", sublinhou.