Preços do peixe duplicam duas semanas após encerramento do mercado da Mabunda
Vendedoras da Mabunda queixam-se pela forma como estão a ser tratadas noutros locais de compra e venda de peixe e do aumento dos preços. Pedem ao Governo da Província de Luanda que reabra o mercado, o mais rapidamente possível.
Após o encerramento do mercado da Mabunda, no município da Samba, para trabalhos de limpeza no âmbito do combate à cólera, os preços dos peixes duplicaram nos locais de comercialização de pescado na província de Luanda, no espaço de duas semanas, segundo apurou o Expansão.
As vendedoras que trabalhavam na Mabunda, encerrado a 28 de Fevereiro, enfrentam agora dificuldades para encontrar locais de compra e venda, a preços acessíveis, uma vez que nos 12 pontos indicados pelo Governo da Província de Luanda o peixe é mais caro e não corresponde ao perfil dos seus consumidores, razão pela qual pedem a reabertura do mercado na Samba para aliviar a pressão económica sobre as suas famílias.
Maria do Rosário, mais conhecida por Tia Meury, é uma das centenas de vendedoras de peixe na praia da Mabunda que tem enfrentado dificuldades para comprar o peixe para revender. Diariamente, Tia Meury, que reside no Morro Bento, gasta mais do que ganha, devido à distância que precisa percorrer até ao mercado da praia da Salga, onde agora se abastece de peixe. "Por dia, eu gasto 2.500 kwanzas para pegar o táxi. Além de comprar o peixe a um preço muito caro, estamos a ser maltratadas nestes lugares", queixa-se. Por causa da concorrência, as vendedoras que vieram da Mabunda foram mal acolhidas por quem já comercializava na Salga e as rixas sucedem-se.
O preço do peixe duplicou, segundo Tia Meury, devido ao encerramento do mercado da praia da Mabunda, um dos maiores pontos de venda de pescado da capital. Isso fez com que outros pescadores aumentassem consideravelmente os preços do peixe. "Antes, comprávamos 12 peixes (gaiado, espada e atum, de tamanho médio) por 4.500 ou 5.000 kwanzas, dependendo do dia. Agora, 6 a 7 peixes custam 5.000 kwanzas", relatou.
Alternativas à Mabunda
O Governo da Província de Luanda (GPL) indicou, como alternativa ao mercado da Mabunda, 12 locais que não apresentam risco de propagação da cólera. Entre esses locais estão a praia de Cacuaco (onde começou o surto de cólera), o Benfica, a praia da Salga, a Casa Lisboa (Ilha do Cabo), do Destaque (depois do Museu Nacional da Escravatura), do Ramiros, Miradouro da Lua, Barra do Kwanza (foz do rio) e nos quilómetros 26 e 32, a Baía Mar e Henri-Mar, no município da Ingombota, assim como o Mussulo (Buraco). É nestes lugares que os armadores realizam o embarque e desembarque de pescado, e onde as vendedoras se podem abastecer de peixe que posteriormente revendem.
O Expansão visitou a praia da Salga e a praia de Cacuaco, na terça-feira, dia 11, para averiguar as condições de trabalho e avaliar os preços do peixe.
Leia o artigo integral na edição 817 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. (Saiba mais aqui)