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Angola

Pressão de João Lourenço desbloqueia saída dos russos da Alrosa da Catoca

TRÊS ANOS DEPOIS DO INÍCIO DAS NEGOCIAÇÕES

As negociações da saída da Alrosa da Sociedade Mineira de Catoca duraram cerca de três anos, mas foi a pressão da presidência angolana que afastou os russos. As conversações continuam para determinar os "timings" da entrada da Maaden-Investment Group. O Luele já tem uma nova estrutura accionista.

Depois das negociações entre os governos de Angola e da Rússia, tendo em conta as sanções aplicadas pelo G7 à multinacional russa Alrosa, esta viu-se obrigada a aceitar a saída da Sociedade Mineira de Catoca onde detinha 49%, dando lugar à Maaden-Investments Group, uma empresa ligada ao fundo soberano do sultanato de Omã.

Para já, permanece o mistério em relação à data da efectivação do negócio e da entrada definitiva da Maaden-Investments Group na Sociedade Mineira de Catoca, mas é um dado adquirido que as conversações continuam apesar do despacho presidencial n.º 14, de 9 de Janeiro de 2025 definir já a nova estrutura acionista para a Sociedade Mineira do Luele, onde a Maaden- -Investment Group passará a deter 49% das acções, antes detidas pela diamantífera russa através da Sociedade Mineira de Catoca. Esta transmissão das acções a favor da Maaden-Investment Group ou das suas afiliadas é fruto do acordo de princípio assinado em Setembro de 2024 entre a Endiama e a Maaden-Investment Group.

O despacho acrescenta ainda que os termos e condições de venda autorizada são negociados e estabelecidos entre as duas empresas, ou seja, entre a Endiama e a Maaden-Investment Group.

Questionado sobre o valor da venda da participação antes detida pela Alrosa, o presidente do Conselho de Administração da Endiama, Ganga Júnior, recusou-se a comentar o valor, referindo apenas que se trata de um negócio entre a Alrosa e a Maaden-Investment Group. O gestor falava na conferência de balanço das actividades realizadas no ano passado pelas empresas do subsector dos diamantes e as perspectivas para 2025.

Reconheceu, por outro lado, ter sido um processo bastante difícil e moroso, porque, segundo explicou, já se arrastava há três anos, o que afectou o comércio de diamantes angolanos nos mercados internacionais e que muitos fornecedores já estavam a preparar-se para deixar de cooperar com a Sociedade Mineira de Catoca.

Quanto aos critérios de selecção para a escolha do novo parceiro da Sociedade Mineira de Catoca, Ganga Júnior disse que o mesmo foi apresentado pela Alrosa e não foi escolha da Endiama. Segundo fez saber, a Maaden-Group reúne todos os pressupostos e capacidade técnica e financeira para operar em Angola em parceria com a maior empresa de diamantes do País. De acordo com Ganga Júnior, a Alrosa sempre foi um parceiro estratégico para a indústria diamantífera em Angola, mas as sanções do G7 e as suas implicações na comercialização dos diamantes angolanos no mercado externo pesaram na decisão do Governo.

"Não vamos chorar pelo leite derramado. A Alrosa sempre foi um parceiro estratégico para nós, mas o momento é de olhar para frente e avançar", disse o gestor angolano.

Ainda sobre a entrada da Maaden-Investment Group, o secretário de Estado para os recursos minerais, Jânio Correia, disse que não foi um processo fácil e lembrou que se tratou de uma decisão política que envolveu negociações de alto nível, fazendo subentender que foi a pressão presidencial junto do Governo russo que fez com que a Alrosa conseguisse encontrar uma empresa idónea e com capacidade financeira para assumir a participação na Sociedade Mineira de Catoca.

Segundo o despacho presidencial, a Endiama passa a ter uma participação de 44%, enquanto a Reform-Morganstein, empresa afecta à Caixa Social das Forças Armadas Angolanas, detém 4%, o Fundo Social de Catoca 2% e o Fundo de Previdência do Instituto Geológico de Angola (IGEO) com 1%.

Leia o artigo integral na edição 809 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Janeiro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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