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Angola

Angola tem a quarta gasolina e o sexto gasóleo mais baratos do mundo

ABRE PORTAS AO CONTRABANDO

Pelo preço de um litro de gasolina na RDC dava para comprar quatro em Angola. Da Zâmbia dava para comprar 4,5 litros e da Namíbia dava para comprar 3,6 litros em Angola. Apetecível para os contrabandistas.

Angola tem a quarta gasolina mais barata do mundo, apenas superada pela Venezuela, Líbia e Irão, e o sexto gasóleo mais barato, atrás dos mesmos três países juntamente com a Arábia Saudita e a Argélia, de acordo com dados de 14 de Novembro do GlobalPetrolPrices.com, um site especializado em informações sobre os preços dos combustíveis a nível mundial.

A uma taxa de câmbio média de 506,0 Kz por dólar no semestre, cada litro de gasolina foi vendido nos postos de abastecimento a 0,32 USD, quando, sem subsídio, seria vendido a 0,79 USD. Já em relação ao gasóleo, cada litro vendido na bomba valia 0,27 USD, mas o seu custo real foi de 0,80 USD. Estes valores fazem de Angola o país da SADC com os combustíveis mais baratos.

Comparando com os vizinhos existe margem para o contrabando. Angola tem a gasolina mais barata do que a RDC (1,32 USD por litro) e a Zâmbia (1,47 USD) e Namíbia (1,16 USD). Quanto ao gasóleo, Angola tem o preço mais baixo, seguida da Namíbia (1,39 USD), da RDC (1,31 USD) e da Zâmbia (1,66 USD). Contas feitas, pelo preço de um litro de gasolina na RDC dava para comprar quatro em Angola. Da Zâmbia dava para comprar 4,5 litros e da Namíbia dava para comprar 3,6 litros em Angola.

A posição de Angola nestes rankings acontece sobretudo devido à desvalorização do Kwanza face ao dólar verificada com a implementação da reforma cambial iniciada em 2018 com vista à flexibilização da moeda. Para se ter uma ideia, em 2017, a uma taxa de cambio de 166 Kz por USD, Angola ocupava o 76.º lugar dos países (em 130) com a gasolina mais barata (ao invés do actual 4.º lugar) e o 60.º lugar do gasóleo (contra o actual 6.º lugar).

Caso os combustíveis não fossem subsidiados, Angola ocuparia o 23.º lugar no ranking da gasolina mais barata e ocuparia a mesma posição no gasóleo. Os preços baixos em Angola são apetecíveis para quem vive do contrabando junto às fronteiras angolanas, o que faz com que o País acabe por estar a subsidiar parte dos combustíveis que alguns dos cidadãos daqueles países consomem.

Entretanto, não se sabe quanto Angola perde com o desvio de combustíveis para as vizinhas repúblicas do Congo, Zâmbia e Namíbia, Em Maio, um jornal da Namíbia, o "New Era", publicava que é cada vez maior o número de cidadãos namibianos que cruzam a fronteira angolana para comprar combustível que depois é levado para o país vizinho. De acordo com aquele órgão de comunicação social, o ministro das Minas e Energia da Namíbia, Tom Alweendo, revelou que o governo angolano já manifestou a sua preocupação.

"O Executivo angolano não está satisfeito porque não pretende subsidiar o consumo dos combustíveis para os namibianos. Eles estão preocupados porque têm conhecimento que alguns namibianos têm cruzado a fronteira de Angola para comprar combustível ilegalmente, que depois é exportado para a Namíbia sem autorização do Governo angolano", disse o ministro namibiano. J.J