Eleições na Ordem dos Contabilistas com lista única liderada por antiga vogal
Cristina Silvestre foi um dos membros da OCPCA que subscreveu a queixa que deu origem a uma sindicância contra os actuais presidente e vice-presidente do conselho directivo, por "abuso de poder e peculato de uso". Hoje assume o desafio de "unir a classe", após um mandato controverso.
Cristina Silvestre lidera a única lista concorrente às eleições de 18 de Novembro, que vão ditar os órgãos sociais da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA) para o biénio 2024/2026. As eleições põem termo ao mandato conturbado da actual direcção, após uma sindicância ter confirmado várias "ilegalidades", entre as quais peculato de uso e abuso de poder, na sequência de acusações contra três membros do conselho directivo: o presidente, Manuel Sebastião, o vice-presidente, Alberto Seixas, e o vogal Eduardo Nvovi.
Com membros de 12 províncias e com a maior representatividade nacional até hoje, a lista, que tem como candidato a vice-presidente Hermenegildo dos Santos, terá como principal desafio "unir a classe" para transformar a OCPCA numa organização "em que todos se possam rever", afirmou ao Expansão Hélio Agostinho, mandatário da candidatura."É claro que isto apenas se consegue com humildade, comprometimento, lealdade e, principalmente, com empatia", frisou.
A verificação das candidaturas teve lugar a 19 de Outubro, dois dias depois de terminar o prazo para entrega das listas. A lista encabeçada por Cristina Silvestre apresentava algumas "irregularidades", como falta de comprovativos de pagamento de quotas, que foram sanadas até 23 de Outubro, prazo dado pela comissão eleitoral para correcção das irregularidades.
"Em substituição destes documentos colocámos inicialmente comprovativo de pagamentos enquanto aguardávamos que o sistema os validasse", explicou o mandatário da lista.
Legado controverso
Questionado sobre o legado da actual direcção, alvo de uma sindicância que ditou a perda de mandato de três membros do conselho directivo e a restituição de vencimentos recebidos indevidamente, Hélio Agostinho recusou fazer comentários, por "não ser ético" falar da gestão de um dirigente "que até ao momento é o presidente de todos os membros".
Recorde-se que Manuel Sebastião, Alberto Seixas e o Eduardo Nvovi foram acusados de terem atribuído a si próprios vencimentos fixos mensais, em clara violação dos estatutos e sem aprovação de todos os membros do conselho fiscal, tendo beneficiado de "forma ilegal" de remunerações num valor global superior a 105 milhões Kz, durante 18 meses. Além do processo administrativo, foi remetida para a Procuradora-Geral da República o resultado da sindicância para abertura de uma acção penal contra os três, pela prática dos "crimes de peculato de uso e abuso de poder, previstos nos artigos 363ª e 374ª do Código Penal", crimes punidos com penas até 3 e 2 anos de prisão, respectivamente.
Com mais de 15 mil associados, entre os quais 9.952 estagiários, a OCPCA é uma das maiores organizações profissionais de Angola, gerindo um orçamento anual superior a mil milhões Kz.
Leia o artigo integral na edição 750 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)