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Angola

Inpecção Geral do Trabalho vai apertar empresas de segurança

NOS PRÓXIMOS DIAS

Baixos salários e alimentação deficiente entre as principais reclamações dos trabalhadores de empresas de segurança. As que não garantem condições operacionais vão cair nas malhas da "Operação Trabalho Dígno".

Há de tudo um pouco no negócio de segurança ou vigilância no País. Vai desde empresas pequenas que asseguram apenas contractos residuais, até outras que trabalham nas petrolíferas e diamantíferas, que chegam a cobrar 3 milhões Kz por cada segurança que colocam nos postos. A maior parte tem em comum os baixos salários e más condições de trabalho, e vão ter a Inspecção Geral do Trabalho "à perna", segundo apurou o Expansão.

Esta é a principal queixa dos trabalhadores das empresas de segurança, que também se debatem, na maioria dos casos, com condições de trabalho precárias para funcionários que trabalham por turnos seguidos de 24 horas de plantão seguido por um dia de descanso.

A deficiente alimentação que recebem das empresas, praticamente uma só refeição diária, os atrasos salariais, o não pagamento de subsídios de férias, ou a colocação em espaços sem casas de banho colocam a saúde destes trabalhos em situação de vulnerabilidade.

"Ganho 40 mil Kz por mês. Tenho cinco filhos e pago renda de casa. Como as coisas estão hoje, é um salário que não dá dignidade a ninguém, nem um pouco", lamentou um efectivo da empresa Ango-Segu, colocado numa agência bancária no centro da cidade, que preferiu o anonimato por temer represálias. Questionada pelo Expansão, a Ango-Segu diz que paga aquilo que pode. "A empresa não pode pagar igual ao contrato que faz porque tem custos com matérias, impostos, seguros e outras obrigações", defendeu fonte da direcção da empresa. Questionado sobre a segurança social dos trabalhadores, o responsável defendeu que "é uma questão que está a ser resolvida caso a caso".

Os contratos que as empresas privadas de segurança cobram rondam entre os 80 mil Kz e os 3 milhões Kz por cada trabalhador que colocam num posto. As cantinas e farmácias são as que menos pagam na negociação (80 mil Kz a 100 mil Kz por mês), sendo que as petrolíferas como a Total e a Chevron e outas diamantíferas pagam até 3 milhões Kz, segundo apurou o Expansão. São estas as mais cobiçadas pelas empresas de segurança, que acabam por ser, depois, as que melhor pagam aos seus seguranças, até cerca de 150 mil Kz por mês.

A discrepância de valores entre o que aquilo que pagam às empresas de segurança pelos contractos e aquilo que estas depois pagam aos seus trabalhadores é alvo, por vezes, de contestação. Por exemplo, há cerca de dois anos, quatro embaixadas clientes de uma empresa de segurança chamaram os responsáveis da empresa que fazia a segurança das casas dos embaixadores para os "obrigar" a aumentar os salários de 40 mil Kz para 150 mil. Face ao valor dos contractos, a empresa não teve outra hipótese a não ser aumentar os salários. "Um segurança com um salário tão baixo acaba por nos deixar preocupados sobre a segurança que nos garante", disse, na ocasião, um dos embaixadores que provocou este incidente.

O Expansão solicitou esclarecimentos a 10 empresas para ouvir a sua versão sobre os relatos dos seus trabalhadores. Apenas três responderam às questões do Expansão, admitindo, de forma unânime, que há ainda questões relacionadas com as condições do próprio trabalhador que precisam ser melhoradas. Por exemplo, a empresa Mamboji admite que tem os salários dos seus trabalhadores fixados entre 45.000 Kz a 67.000 Kz. Reconhece que precisa ainda melhorar as condições dos seus efectivos. "Temos previsão de actualizar os salários nos próximos dias, obedecendo à nova lei sobre o salário mínimo nacional", referiu Francisco Kujinana, director-geral da empresa.

O sociólogo Adriano Tandela entende que estas situações podem motivar, alguns, a adoptar comportamentos desviantes na tentativa de encontrar outras alternativas de obtenção de recursos materiais e financeiros, como é prova evidente o envolvimento de seguranças em assaltos a empresas. Na memória está o que aconteceu em Outubro de 2020 quando sete elementos da segurança assaltaram o Banco Caixa Geral de Angola, na estrada principal de Cacuaco, em Luanda, tendo levado consigo 45.000.000 Kz.

Leia o artigo integral na edição 794 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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