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Angola

Presidente João Lourenço assumiu em Nova Iorque "um duro impacto na vida económica e social" da pandemia no país

Discurso do Presidente da República na 76.ª assembleia-geral das Nações Unidas

O discurso do Presidente na tribuna da 76.ª assembleia-geral das Nações Unidas, e em síntese, teve três ideias essenciais: a pandemia e a necessidade de flexibilizar as patentes de forma a que mais países possam produzir mais vacinas contra a covid-19, numa altura de evidente assimetria entre países ricos e pobres; o papel de Angola na paz e estabilidade na África Central, e pediu ao mundo repúdio pelo golpe anti-constitucional da Guiné-Conacri e a libertação do "professor Alpha Condé"; e a sua preocupação com as alterações climatéricas, pelo meio, assumiu que a economia angolana, e à semelhança de tantas outras, enfrentam um momento particularmente duro.

O Presidente João Lourenço não ao escapou ao tema do momento, a desigualidade entre ricos e pobres no que tem a ver com o acesso às vacinas e a imunidade de grupo, com o continente africano a ficar visivelmente para trás na imunidade possível a um vírus que é mundo e que teima em permanecer nas suas "assustadoras variantes"

E a partir da tribuna, na 76.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, disse: "é chocante constatar-se a disparidade existente entre umas nações e outras, no que respeita à disponibilidade de vacinas, pois estas diferenças permitem, em alguns casos, administrarem-se já terceiras doses, enquanto noutros, como ocorre em África, a larga maioria das populações não está vacinada sequer com a primeira dose".

E pedi o que tantos em tantos países pedem, "decisões favoráveis à liberalização do regime das patentes de produção de vacinas para que seja possível a sua fabricação por um número cada vez maior de países, tornando-as mais acessíveis para todos".

Uma questão que antes de ser política é económica, como têm explicado os especialistas.

O Presidente admitiu que que os efeitos da covid-19, tal como em "noutras paragens", teve "um duro impacto na vida económica e social da República de Angola".

Assumiu que o país respondeu "atempadamente" e com "bastante determinação" para conter a disseminação do vírus, ainda assim, e em contrapartida, "a economia nacional" apresenta "resultados preocupantes", e sublinhou "os apoios e iniciativas" dos parceiros que "nos permitiram algum alívio o plano das responsabilidades financeiras", e pediu uma profunda reflexão para que sejam encontradas soluções de carácter duradouro, que sirvam de base à reconstrução das economias mais severamente afectadas pela crise sanitária mundial".

E João Lourenço também não deixou de se referir ao papel de Angola para a paz e estabilidade na África Central, em especial na região dos Grandes Lagos, lembrando que essa sensibilidade advém dos "problemas da paz e da guerra resultam do longo conflito interno que vivemos durante várias décadas, e que nos permite ter a noção clara da importância da busca de soluções para os diferendos pela via do diálogo e do entendimento entre as partes beligerantes".

Em Nova Iorque, o Presidente revela a sua preocupação pela "busca de soluções", numa altura em que parte do país, assiste de forma crítica, à sua viagem aos Estados Unidos, e que fez com que o Presidente tivesse tido a necessidade de autorizar despesas adicionais no valor de dois mil milhões e quinhentos milhões de kwanzas, atribuídas ao Ministério das Relações Exteriores (Mirex).

No seu discurso, o Presidente de Angola fez questão de ressaltar o quanto o preocupa "a alteração da ordem constitucional que se regista amiúde em países africanos" , e lamenta a ausência de uma condenação "suficientemente vigorosa da comunidade internacional, no sentido de desencorajar esta prática a todos os títulos reprovável", e deu, como exemplo, o Mali e a Guiné Conacri.

E exortou que esta é "uma grande oportunidade para os Chefes de Estado e de Governo aqui reunidos exigirem, em uníssono, a libertação imediata e incondicional do Presidente da República da Guiné, "o Professor Alpha Condé".

Os extreministas islâmicos do Sahel, a situação na República Democrática do Congo e em Moçambique mereceram a chamada de atenção do Presidente de Angola.

E ainda acrescentou : "assistimos ao regresso do mercenarismo, com o recrutamento a partir de qualquer parte do mundo de profissionais sem exército, pagos para matar, para desestabilizar países, para depor políticos e regimes democraticamente eleitos mas incómodos, fenómeno antes fortemente condenado e combatido mas hoje infelizmente encorajado e alimentado por forças poderosas que se escondem no anonimato".

Na parte final do seu discurso, João Lourenço referiu-se às alterações climáticas de uma forma genérica, sem adiantar muito sobre qual vai ser o posicionamento de Angola nesta questão, o que remete para o seu discurso, em Washington, na passada segunda-feira.