Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Economia

Barril de petróleo "bate" nos 70 USD e pressiona execução do OGE 2025

PREÇOS ESTÃO EM TENDÊNCIA DECRESCENTE

Por cada 5 USD abaixo dos 70 USD de referência no OGE, o défice orçamental duplica pelo que o serviço da dívida pública ficará seriamente afectado caso a espiral descendente dos preços se acentue nos próximos meses. 49% das despesas do OGE são para pagamento de juros e amortizações.

Os preços do barril de petróleo mantêm uma tendência descendente nos mercados internacionais, sendo que o Brent, que serve de referência às exportações angolanas, para entrega em Maio tem sido negociado abaixo dos 70 USD o barril, que é o preço médio de referência previsto no Orçamento Geral de Estado (OGE 2025), para uma produção petrolífera média de 1,098 milhões de barris de petróleo/dia.

Nesta segunda-feira, por exemplo, o Brent para entrega em Maio caiu 1,38% e foi negociado a 69,39 USD. Já na quarta-feira, dia do fecho desta edição do jornal, o Brent valorizou 1,21% e foi negociado a 70,40 USD o barril, depois de em Fevereiro o preço ter oscilado entre os 73 e 76 USD o barril. No mercado Spot ligado apenas ao Brent das principais ramas angolanas, o preço também tem estado em queda nas últimas semanas, mas ainda assim a cotação anda tem estado acima dos 70 USD. Nesta quarta-feira, por exemplo, a rama Cabinda estava cotada a 71,82, e a Dália e o Nemba valiam 70,82 USD respectivamente. Só nos últimos 30 dias os preços das ramas angolanas caíram 10% nos mercados internacionais.

Uma combinação de vários factores, dos quais se destaca o aumento dos stocks de crude dos EUA, as políticas tarifárias do presidente americano Donald Trump que encaminham a maior economia mundial para uma possível recessão e a já anunciada intenção de aumento da produção de petróleo por parte dos membros do cartel da OPEP tem contribuído para a queda nos preços do petróleo nos mercados.

Especialistas ouvidos pelo Expansão salientaram que a tendência de queda dos preços do petróleo reflecte a actual política económica mundial na qual os mais fortes ditam as regras do jogo. A decisão da OPEP+ pode representar o início de uma série de adições mensais de oferta de petróleo ao mercado, o que pode afundar o preço do crude. O especialista em petróleo, José Oliveira, destacou por exemplo, que o principal problema do OGE é a sua forte dependência de financiamentos internos e externos e no caso de as receitas fiscais do petróleo diminuírem o País terá desafios acrescidos relacionados com os serviços da dívida externa.

Esta tendência de queda constitui, assim, um risco para a execução do Orçamento Geral do Estado para 2025, uma vez que as receitas petrolíferas representam 55% das receitas fiscais previstas, ou seja, 10,8 biliões Kz de um total de 19,8 biliões Kz.

No relatório de fundamentação do OGE, estão previstos quatro cenários de preços médios do barril: 70 USD, 65 USD, 55 USD e 45 USD. Se a 70 USD, que é o preço médio de referência inscrito no documento, já está previsto um défice orçamental de 1,65% do PIB, equivalente a cerca de 1,5 biliões Kz, uma eventual descida aprofundaria o saldo negativo. A 65 USD esse défice seria de 3,30% do PIB equivalente a quase 3,0 biliões Kz. Mais improváveis constam os cenários de 55 USD (défice de 4,83% do PIB; 4,3 biliões Kz) e de 45 USD (7,73% do PIB; 6,6 biliões Kz), cenários que seriam catastróficos para o Pais e que muito provavelmente atirariam Angola para um default.

Leia o artigo integral na edição 817 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Março de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo