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Economia

País criou apenas 585 empregos formais para jovens em seis meses

92,6% DOS JOVENS ENTRE 15 E 24 ANOS QUE TRABALHAM ESTÃO NA INFORMALIDADE

No final de Junho, o INE contabilizou pouco mais de 7,5 milhões de angolanos com idades entre os 15 e os 24 anos. Destes, 6,1 milhões estão em idade activa para trabalhar: 3,2 milhões estão desempregados, 2,9 milhões trabalham na informalidade e apenas 213,6 mil têm emprego formal. E 1,4 milhões estão inactivos.

A economia nacional criou apenas 585 empregos formais para jovens com idades entre os 15 e 24 anos no I semestre deste ano. A população com emprego formal nesta faixa etária passou de 212.994 em Dezembro do ano passado para 213.578 jovens no final de Junho, segundo cálculos do Expansão com base no relatório do Inquérito ao Emprego em Angola (IEA) do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativo ao II trimestre de 2025.

No final de Junho, o INE contabilizou pouco mais de 7,5 milhões de angolanos com idades entre os 15 e os 24 anos. Destes, 6,1 milhões estão em idade activa para trabalhar (ou seja têm emprego ou procuraram um): 3,2 milhões estão desempregados, 2,9 milhões trabalham na informalidade e apenas 213,6 mil têm emprego formal. Ao todo, 92,6% dos jovens empregados ganham o seu pão na informalidade, onde não têm qualquer segurança laboral, ou outros benefícios como férias remuneradas.

E 1,4 milhões estão inactivos (não procuram emprego), número que disparou nos últimos 12 meses, ao passar de 952.507 verificados em Junho de 2024. O INE não revela as razões, mas deverá estar relacionado com o facto de muitas pessoas pura e simplesmente terem deixado de procurar emprego num País onde há mais de 5 milhões de desempregados, admitem alguns especialistas, e de outras terem passado para a delinquência e outras estarem a estudar. Entre os que nada fazem, há que contar também com os casos de afectam, por exemplo, o sexo feminino, já que em Angola há uma elevada taxa de gravidez na adolescência, que acaba por atirar as jovens mães para fora da escola e do mercado de trabalho, abrindo-lhe mais tarde apenas as portas da informalidade.

Jovens são os mais prejudicados pelas crises

As sucessivas crises financeiras e o quadro macroeconómico desfavorável têm feito com que a economia angolana não consiga responder às necessidades do País em termos de criação de emprego formal. À falta de empregos formais, resta à população sobreviver nos biscates da informalidade. E o quadro agrava-se nas camadas mais jovens, entre os 15 e os 24 anos, que é onde impera a mais alta taxa de desemprego e é também onde a taxa de informalidade é maior, e a taxa de formalidade é menor.

Para o economista Victor Massiala, estes números são "alarmantes", considerando que criar apenas 585 empregos em seis meses é irrisório face ao universo de 6,1 milhões de jovens (15-24) em idade activa e às perdas recentes de postos formais. "Além disso, o emprego jovem é esmagadoramente informal, o que limita a produtividade, a protecção social e a acumulação de capital humano, dado que reforça que a criação líquida de trabalho digno tem sido negativa/insuficiente", apontou.

E na base, segundo o economista, está a baixa produtividade média (peso do trabalho de baixa qualificação/baixa capitalização), a base fiscal estreita que o Pais apresenta, a débil cobertura previdenciária (proteção financeira) e elevada vulnerabilidade a choques de rendimento. Assim, de acordo com Victor Massiala, do lado macroeconómico , isto traduz se em produto deprimido, com fraca/lenta diversificação económica. E do lado social, em maiores riscos de desmotivação, oportunidades para a criminalidade e instabilidade.

Leia o artigo integral na edição 840 do Expansão, de Sexta-feira, dia 22 de Agosto de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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