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Economia

Comunicações móveis crescem 49% para 22 milhões de subscritores

Entrada da Africell ajuda o crescimento do sector

Em apenas um ano, o mercado das comunicações móveis cresceu 7,3 milhões de subscritores, um crescimento que "bate" com o arranque de operações da Africell em Angola em Abril do ano passado. A Unitel continua a dominar, ganhou quase 3 milhões de utilizadores, enquanto a Movicel perde cada vez mais fulgor.

O sector das comunicações móveis cresceu 49% entre o III trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, passando de 14,8 milhões de utilizadores de telemóveis para 22,1 milhões, um crescimento que acelerou com a entrada em cena da Africell, que conta actualmente com 4,6 milhões de clientes. De acordo com cálculos do Expansão com base nos dados mais recentes do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM), relativos ao III trimestre de 2022, houve um crescimento de 7,3 milhões de subscritores quando comparados com os dados do mesmo período de 2021, quando ainda num mercado a dois, a Unitel detinha 90% de quota de mercado, enquanto a Movicel tinha 10%, números que mudaram "radicalmente" com a entrada da Africell no mercado em Abril de 2022.

Assim, a Unitel tem 73% do "bolo" das comunicações móveis, equivalente a cerca de 16,2 milhões de subscritores, enquanto a Movicel perdeu o segundo lugar para a Africell que está com 21% dos clientes, ou seja, 4,6 milhões. Já a Movicel que perdeu 1,2 milhões de clientes desde 2019, que se queixam de problemas na rede, tinha no III trimestre de 2022 uma quota de mercado na ordem dos 6%.

Mas os números desta operadora podem até ser inferiores segundo avançam fontes da empresa ao Expansão. "Por esta altura temos menos de um milhão de clientes", indicou uma das fontes. Apesar desta perda do "quase monopólio" da Unitel, o facto é que esta não perdeu clientes para a Africell no período em análise, já que estes até cresceram 2,8 milhões.

Com a entrada em cena desta empresa de origem libanesa, com sede no Reino Unido e financiamento dos EUA (mas também da Gemcorp, com ligações à Rússia) o mercado animou já que em Angola é bastante comum o mesmo utilizador ter chips de operadoras diferentes. A Africell trouxe preços mais em conta, o que acabou também por forçar as suas concorrentes a melhorarem as propostas aos seus clientes, especialmente ao nível da internet. Ou seja, a concorrência dinamizou o mercado.

O consultor de Tecnologias e Informação (TI) e Ciber Segurança, Ivo Martins, considera que é sempre positivo o aumento da concorrência num sector como o das telecomunicações. "Espero que estes impactos positivos imediatos resultem numa concorrência saudável e duradoura entre os vários operadores", referiu, ao acrescentar que, assim, oferecem-se mais e melhores serviços e produtos aos clientes, maior cobertura a nível nacional, preços mais competitivos e mais opção de escolha. Impactos que, ao aumentar a conectividade entre as pessoas, os negócios e as instituições conduz à criação de novas oportunidades económicas, conforme Ivo Martins.

Segundo dados do consultor de TI e Ciber Segurança, estima-se que a contribuição da "economia da Internet" para o PIB angolano possa atingir os 3,91% em 2050 (Relatório "Africa iGDP Forecast, Africa"). "Um sector das telecomunicações forte e competitivo é uma das pedras basilares para o bom desenvolvimento de uma economia, pois resulta na criação de novos negócios, novos empregos, mais eficácia e eficiência nas empresas e mais geração de riqueza e prosperidade para os cidadãos", assinalou.

(Leia o artigo integral na edição 710 do Expansão, de sexta-feira, dia 03 de Fevereiro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)